Rio - A Polícia Civil informou, nesta quinta-feira, que aguarda laudos periciais e depoimentos para esclarecer a morte do lutador Vítor Reis de Amorim, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Leonardo Macharet, da 73ª DP (Neves), o pai do jovem de 19 anos é esperado para ser ouvido. Valdecir Ferreira disse ao O DIA que só vai comparecer à delegacia quando tiver um advogado.
Vítor Reis estava em um bar com amigos, no Morro da Jaqueira, no bairro Patronato, nesta terça-feira, quando foi alvejado por um tiro. Segundo a família, o lutador tentou fugir para se proteger, quando ouviu os disparos, mas testemunhas disseram que os policiais atiraram contra ele. Valdecir afirmou que o tiro atingiu as costas do filho.
No entanto, a Polícia Militar negou essa versão e disse que Vítor foi atingido no peito, de frente, durante um fogo cruzado com bandidos.
De acordo com o boletim médico, Vítor Reis já chegou morto ao pronto socorro de São Gonçalo com um tiro no lado esquerdo do peito, sem nenhuma marca de saída.
O corpo do jovem foi enterrado na quarta-feira, no Cemitério São Miguel, também em São Gonçalo, sob forte comoção.
"Vão dizer que meu filho trocou tiro? Poxa vida, todo mundo conhecia meu filho. A vida do meu filho era treinar para lutar. Meu filho era atleta, a coisa que ele mais gostava era treinar. Se ele pudesse ele treinava duas vezes ao dia. Ele nunca perdeu uma luta, mas a polícia ganhou o troféu em cima do meu filho", lamentou o pai da vítima.
O professor de Muay Thai José Romildo de Lima, conhecido como mestre Romildo, lamentou a morte precoce de Vítor Reis. "Eu conhecia esse garoto desde criança, eu tinha um projeto na época e ele foi abraçado. Ele falou pra mim que era o sonho dele seguir a carreira de lutador e eu falei 'nós vamos trabalhar, Deus vai ajudar e a gente consegue'. Botei ele no circuito de boxe, fomos a equipe melhor do ano, ele venceu todas as lutas. Botei no Muay Thai e a mesma coisa, só vitória. Ele tinha tudo pra crescer, em casa eu falava que nada ia atrapalhar esse garoto. O que aconteceu tirou o sonho dele e o meu".
"O trabalho vai continuar, mas com uma falta grande. O Vítor era guerreiro, coração, ele lutava feliz, fazia o que gostava e demonstrava. Eu conheço ele desde pequenininho, pra mim foi uma parte nossa que foi embora, mas a gente reverter e vai ter justiça por isso. Eu espero que tenha justiça e que o responsável seja punido", disse o treinador durante o velório do rapaz.
Procurada pelo DIA, a Polícia Militar informou que uma pistola, munições e um rádio comunicador foram apreendidos no local da ocorrência. Os demais envolvidos fugiram para o interior da comunidade. De acordo com o porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, os policiais não disseram se Vítor estava com esses itens. "Isso não foi apresentado pelos policiais. Na verdade, o que foi dito é que, após o ataque e o confronto armado, os criminosos fugiram para o interior da comunidade, restando ali ao solo o Vítor e a pistola".
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