Ao todo, as equipes recolheram cerca de 373 órgãos, entre eles 15 corações, o que beneficiou mais de 600 pessoasDivulgação

Rio - Hospitais estaduais do Rio bateram recorde na captação de órgãos, tecidos e ossos que foram enviados à Central Estadual de Transplantes nos últimos onze meses. Ao todo, as equipes recolheram cerca de 373 órgãos, entre eles 15 corações, o que beneficiou mais de 600 pessoas.
O número leva em consideração a união de equipes das Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) dos Hospitais Estaduais Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, e Roberto Chabo, em Araruama.
Segundo lugar no ranking nacional de captação de órgãos em 2020, o Hospital Adão Pereira Nunes, conhecido como Hospital de Saracuruna, registrou 100 protocolos de morte encefálica em 2021. Destes, 45 captações de órgãos efetivos foram realizadas, o que, segundo o coordenador do CIHDOTT do hospital, o enfermeiro Gilberto Malvar, conseguiu melhorar a vida de 300 pessoas.
“Dentre essas captações, obtivemos 10 corações, o que foi um recorde histórico. Também recolhemos pulmão, pâncreas, fígados, rins, córneas, ossos e pele. Isso resultou no salvamento de aproximadamente 125 vidas por meio do transplante de órgãos, além da melhoria da qualidade de vida de 300 pessoas”, disse Malvar.
A taxa de autorização familiar para doação de órgãos no Hospital de Saracuruna é de 75%, resultado que é considerado efetivo. Apesar de nem todos os casos autorizados seguirem para a doação devido a contraindicações que surgem no processo, a unidade é recordista em captações e ocupou, em 2021, o primeiro lugar na premiação do Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro.
Localizado no município de Araruama, na Região dos Lagos, o Hospital Roberto Chabo teve mais de 24 órgãos captados, além de tecidos e ossos, e auxiliou cerca de 150 pessoas. Um dos últimos processos de captação ocorreu em novembro, após a família de um jovem de 20 anos, vítima de acidente de moto, autorizar a doação.

“O corpo do paciente, que teve morte encefálica dias após sua entrada na unidade, deixou o Centro de Tratamento Intensivo sob aplausos de médicos, enfermeiros, pessoal de apoio e administrativos. Foi um ato de agradecimento. A família foi acolhida por nossa equipe pela generosidade da doação dos órgãos do ente querido, que transformou a vida de outras pessoas”, disse a enfermeira Michele Guedes.
Em São Gonçalo, a equipe do Hospital Alberto Torres conseguiu beneficiar cerca de 200 pacientes que aguardavam na fila. Em dias de captação, quando um potencial doador é identificado e o transporte deve ser feito em até quatro horas, a equipe do CIHDOTT aciona a Central Estadual de Transportes, que envia um helicóptero para que outro paciente receba a doação no tempo certo.

Os hospitais Adão Pereira Nunes, Roberto Chabo e Alberto Torres, administrados pelo Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas) em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), estão entre as primeiras unidades do estado do Rio de Janeiro em captação de órgãos. Os hospitais são unidades de urgência e emergência, especializadas no socorro a pacientes com múltiplos traumas.