Fabrício Alves de Souza, 26 anos, foi morto durante confronto entre criminosos e a Polícia MilitarDivulgação

Rio - A viúva do pintor morto a caminho do trabalho, no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte do Rio, decidiu processar o Estado. Segundo Graciellen Monteiro Alves, 30, a Polícia Civil não a procurou para prestar depoimento desde a morte do marido Fabrício Alves de Souza, 26, há 13 dias. Ela também revelou que não houve perícia no local desde o crime e acredita que o caso vai cair no esquecimento.
Inconformada, Graciellen optou por procurar um advogado para dar andamento no processo. "Vou no dia 10 de janeiro na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) com o advogado para dar início ao processo", disse ela, que está atualmente desempregada e sustentando as duas filhas do casal, uma de 5 anos e outra de 10 meses, com a ajuda de familiares. "Está muito difícil sem ele aqui, estamos tentando viver do jeito que dá e com a ajuda de algumas pessoas", disse.
Até o momento, a investigação da DHC não respondeu da onde partiu o tiro que matou o pintor. No dia 23 de dezembro, a Civil recolheu as armas usadas por policiais do 41º BPM (Irajá) envolvidos no confronto que resultou na morte do morador Fabrício para perícia técnica, mas não informaram quais foram essas armas e nem a quantidade. Sobre a perícia no local do crime, a Civil também não confirmou se foi realizada e também não repassou informações sobre o andamento das investigações.
A Polícia Militar disse nesta segunda-feira que o inquérito Policial Militar (IPM) segue apurando o fato, mas não esclareceu se os policiais envolvidos na ação foram suspensos.
Relembre o caso
Fabrício Alves foi baleado e morto no dia 21 de dezembro, no Complexo da Pedreira, na Zona Norte do Rio, após uma intensa troca de tiros entre criminosos da região e policiais do 41º BPM (Irajá). Testemunhas afirmam que o rapaz levantou as duas mãos para demonstrar que não estava armado e se identificou como um morador, mas que mesmo assim, os agentes atiraram, segundo os populares. Ele foi levado por moradores para a UPA de Costa Barros, mas já chegou em óbito.

"Queria perguntar ao policial se ele está dormindo tranquilo, se ele tem família, se ele tem mãe, filhos. Queria mesmo saber se ele está dormindo tranquilo, porque quando mata um deles a comunidade que não presta e bandido matou. Mas eles nunca fazem nada, né? Quando morre um policial uma mãe chora, mas quando morre um trabalhador a mãe não pode reclamar e chorar pela perda de um filho?", questionou Edna da Silva Alves, mãe de Fabrício, no dia do enterro.