O Hospital Memorial, no Engenho de DentroReprodução da internet

Rio - Um paciente de 87 anos esperou por cerca de 18 horas para conseguir uma vaga de UTI. Segundo familiares de Nélio Gomes dos Santos, que deu entrada com suspeita de AVC, por volta de 11h desta segunda-feira, no Hospital Memorial, no Engenho de Dentro, as avaliações contraditórias se ele estaria com covid-19 contribuíram para o atraso. A vaga saiu às 18h desta terça-feira, no mesmo hospital que, segundo o Memorial informou à família, havia se negado a recebê-lo no dia anterior por suspeita de coronavírus.

"A transferência para o Hospital da Assim, no Méier, saiu às 22h de ontem (segunda-feira). Era o que eu precisava, porque sou filha única e moro próximo ao hospital. Antes da transferência, fizeram teste de covid nele. No de reagente químico, deu negativo. Mas a tomografia mostrou mancha sugestiva para covid nos pulmões. Por conta disso, o Memorial disse que o hospital se negou a recebê-lo. Só que o hospital é o mesmo que agora disponibiliza leito de UTI não covid. Não dá para entender", questiona Elizabeth Silva Santos, de 57 anos, filha de Nélio.

Segundo ela, o pai tem um histórico de oito AVCs, sofridos desde janeiro de 2020, e que, em todas as circunstâncias, ficou internado em UTI por 48 horas para avaliação e monitoramento do quadro de saúde. Ela conta que se surpreendeu com a oferta de leitos de covid e de não covid em situações diversas dentro do mesmo hospital:

"Não entendo como não havia definição se ele precisava de leito específico para coronavírus ou não. Enquanto a vaga não era disponibilizada, meu pai ficou sem o monitoramento adequado, o que poderia ter agravado a situação dele".

Durante as 18 horas em que o pai ficou na emergência do Hospital Memorial, ela conta que foram oferecidos dois leitos de UTI não covid em hospitais da Penha e de Santa Cruz, informados, respectivamente, às 19h de segunda-feira e às 16h desta terça. Porém, a filha negou a transferência devido à distância de casa:

"Só que surgiu a vaga no Hospital Assim do Méier cerca de três horas depois da primeira oferta na Penha. Mas houve a negativa devido à suspeita de covid. Os médicos explicaram que o protocolo é confiar mais na imagem sugestiva da tomografia dos pulmões do que no teste de reagente químico".

Elizabeth conta que, após a negativa do Hospital Assim, o Hospital Memorial ofereceu leito de UTI covid para Nélio, por volta de 1h desta terça-feira.

"Não aceitei, pois a tomografia era apenas sugestiva para covid, mas não se tinha a confirmação. Sendo assim, ele poderia pegar a doença no CTI".

Cerca de 12 horas depois, segundo Elizabeth, no mesmo hospital foi oferecido um leito de enfermaria não covid para Nélio:

"Por volta de meio-dia de hoje (esta terça-feira), me disseram que os médicos reavaliaram o quadro e decidiram que o resultado negativo do teste de reagente químico era suficiente para indicar que não haveria risco de contaminação, e que a mancha no pulmão poderia ter sido de uma infecção anterior. Mas segui buscando a vaga de UTI. Foi uma situação muito difícil. O sentimento era de que alguém estava me enganando", desabafa Elizabeth. 
O DIA fez contato com a Assim Saúde, que também responde pelo Hospital Memorial, e aguarda esclarecimentos sobre o caso.