Bloco Bola PretaGilvan de Souza / Agencia O Dia

Rio - Diante do cancelamento do Carnaval de Rua anunciado pelo prefeito Eduardo Paes na última terça-feira, os vendedores ambulantes que trabalham na festa reivindicam a participação na decisão sobre alternativas para a folia. O prefeito do Rio sugeriu aos blocos e à patrocinadora do evento que shows fossem realizados em espaços com entrada controlada na cidade, como o Parque de Madureira e o Parque de Deodoro, o que não foi bem aceito pelas ligas.
Havia uma reunião marcada para esta sexta-feira entre representantes da prefeitura, da Ambev e dos blocos, mas o encontro foi suspenso diante da onda de contágio pela variante ômicron de covid-19 e não foi marcada nova data.
O Movimento Unidos dos Camelôs (Muca) lançou na quinta-feira (6) uma campanha cobrando ajuda do Poder Público para os trabalhadores que fazem parte da festa.
"O desejo da gente é que a prefeitura reconheça a gente. Sem os camelôs, a Economia estaria ainda pior. Queremos ser enxergados como trabalhadores do Carnaval, sentar na mesa e participar da decisão. Somos ignorados o tempo inteiro. A gente faz parte da cidade, mas não somos vistos", cobra Maria dos Camelôs, da Muca.
O movimento tem 4,8 mil ambulantes cadastrados. Maria estima que 14 mil trabalhadores ambulantes contavam com a renda obtida na festa. O Carnaval de Rua representa para o grupo uma oportunidade de obter uma espécie de "décimo-terceiro", exemplifica a representante do movimento.
"A gente está fazendo pressão para participar da reunião. Os camelôs são os garçons dessa festa. Se os camelôs não estiverem, é muito difícil um bloco se sustentar. Há dois anos que os camelôs não trabalham no Carnaval, que é o nosso maior evento, nosso 'décimo terceiro", ressalta.
A organização diz que planeja fazer uma vaquinha virtual para ajudar os trabalhadores informais, mas exige apoio do Poder Público. "O Carnaval é muito importante pra gente. Muita gente acumula dívidas durante o ano e consegue o dinheiro na festa. Os camelôs trabalham em evento, não têm feriado, não têm descanso.Ficando sem Carnaval, a gente perde muito", reforça.
Reunião suspensa
Uma reunião estava marcada para esta sexta-feira, na qual representantes de blocos ofereceriam uma contraproposta à sugestão da Prefeitura do Rio, que havia sugeridoeventos em equipamentos públicos em que pudesse ser feito controle de vacinação e testagem no público, como o Parque Madureira e no Parque Olímpico da Barra. A ideia, no entanto, não foi bem aceita pelos organizadores da folia, que resistem a projetos que se assemelhem a 'blocódromos', o que foi compreendido pelo prefeito Eduardo Paes.
O encontro de hoje, no entanto, foi suspenso em meio à onda de infecções pela variante ômicron de covid-19 na cidade. Ainda não há data para a reunião. As partes aguarda uma estabilização da pandemia na cidade para debater alternativas para o Carnaval de Rua.
A reportagem procurou a Prefeitura do Rio, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. 
Castro sugere a suspensão do carnaval de rua em 2022
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, utilizou seu perfil oficial nesta sexta-feira para informar que sugeriu ao comitê científico do estado a suspensão do carnaval de rua em 2022. O grupo está reunido na tarde desta sexta-feira (7), conforme informou o governador. Ainda na mesma postagem, ele alerta para o risco de promover aglomerações sem protocolos sanitários.