Familiares como Alcemar de Aguiar (de vermelho) estiveram no cemitério cobrando informações Marcos Porto / Agência O Dia

Rio - Tristeza e revolta são os sentimentos destacados por Glória Maria Ramos, de 57 anos, ao ver que o local em que o pai e a mãe estavam enterrados foi destruído após a queda do muro do Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador, nesta terça-feira, 11. O acidente, que aconteceu em decorrência das fortes chuvas que atingiram a cidade, deixou, na região, jazigos quebrados e ossadas espalhadas pela calçada.

Depois que a parede caiu, equipes da subprefeitura da Ilha, Comlurb, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros iniciaram o trabalho de limpeza do local, que agora está com um tapume para conter os destroços. Em nota, a Concessionária Reviver, responsável pelo cemitério, afirmou que os restos mortais que ficaram espalhados pela calçada foram levados para um ossário especial.


Para Glória, porém, a preocupação que fica é com a identificação dos familiares enterrados e a reconstrução do espaço afetado pelo acidente. Na manhã desta quarta-feira, 12, ela esteve com o marido, Alcemar de Aguiar, de 60 anos, no cemitério em busca de um posicionamento da empresa diante dos transtornos causados aos parentes que tiveram túmulos de entes queridos destruídos.

"O sentimento é de tristeza e de revolta, porque eu acho que isso aí já estava previsto há muito tempo para acontecer e não tomaram a devida providência. Isso era uma coisa que meu falecido irmão fez com muito amor para o meu pai e minha mãe. Agora, você vê tudo cair do jeito que caiu. Acho que até na hora da limpeza alguns ossos devem ter ido pro lixo", desabafou Glória.

Nascido e criado na Ilha do Governador, Aguiar acompanhou a esposa na ida ao cemitério. Segundo ele, é necessário que a administração do espaço isole a parte do muro que não desabou, pois ainda há risco de que um acidente futuro atinja pessoas que transitam pela região.

"A preocupação de agora é ver o muro e o solo úmidos, com as pessoas passando ali e a área sem estar isolada. É melhor tomar uma medida preventiva, que tem que ser agora. [Se não isolar] pode acontecer um acidente mais grave ainda, matar alguém aqui fora", alertou.

De acordo com a Concessionária Reviver, todas as providências cabíveis já foram tomadas. A administradora explica ainda que todos os nichos terão novas caixas e cartões de identificação — mesmo as que não foram danificadas —, e serão acauteladas a partir desta quarta-feira.
"O próximo passo é a identificação, por meio da verificação do livro de registros e da documentação que deverá ser apresentada pelas famílias, conforme contato que será feito pela Concessionária. Após as confirmações, as caixas serão encaminhadas para novos nichos. As famílias receberão novos nichos já construídos onde as caixas serão realocadas", explica a concessionária, em nota. 
A Defesa Civil informou que foi ao local na noite de terça-feira (11) e isolou a área onde aconteceu o desabamento do muro. Sobre a situação do outro muro, que teria risco de queda, o órgão não se manifestuou.
*Estagiária sob supervisão de Adriano Araujo