Arsenal bélico avaliado em R$ 3 milhões foi montado por um colecionador de armas na Zona Norte do Rio
Vitor Furtado, o 'Bala 40', possuía certificado de colecionador e por isso conseguiu adquirir 26 fuzis dentro de casa; ele abastecia a maior facção do Rio de Janeiro
Polícia Civil apreende arsenal bélico dentro de uma casa na Zona Norte do Rio
- Cleber Mendes/Agência O Dia
Polícia Civil apreende arsenal bélico dentro de uma casa na Zona Norte do Rio
Cleber Mendes/Agência O Dia
Rio - A apreensão de um arsenal bélico nesta terça-feira, avaliado em R$ 3 milhões, na residência de Vitor Furtado Rebollal Lopes, o 'Bala 40', no Grajaú, Zona Norte do Rio, que abastecia traficantes, foi resultado de uma investigação iniciada em 2018 pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), em conjunto com a Polícia Civil. De acordo com a investigação, Vitor possuía o certificado de colecionador de armas e era com essa documentação que ele conseguia adquirir material bélico licitamente em lojas legalizadas, para posterior revenda para criminosos.
Além disso, os investigadores observaram que Vitor não tinha um padrão de vida condizente com o valor gasto nas compras de fuzis que realizava. O Comando Vermelho foi uma das facções mais beneficiadas com o tráfico de armas, no entanto, a polícia acredita que o material também fornecia outros lugares, tendo em vista a quantidade de armamento.
O delegado Marcus Amim, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), explicou em coletiva na Cidade da Polícia, que só foi possível chegar à residência do criminoso e sua esposa, Paula Cristine, ambos presos em Goiás na segunda-feira (24), após um mandado de busca e apreensão. "Com a prisão do denunciado em Goiás, requisitamos ao juízo a expedição dos mandados de busca e apreensão e conseguimos realizar essa apreensão de um grande número de armas na residência do denunciado", disse.
Os vizinhos da residência observaram ainda uma movimentação estranha na casa logo após a prisão do casal e que a quadrilha teria tentado retirar o material bélico de dentro da casa. No entanto, agentes já estavam de tocaia, frustrando a ação. Na casa de Vitor, foram encontrados 26 fuzis, incluindo AR15 e 5.56, três carabinas, 21 pistolas, dois revólveres, uma espingarda calibre 12, um rifle e um mosquetão, além de caixas com munições para fuzil.
A denúncia do MPRJ que motivou a operação relata que os criminosos se associaram para a prática da venda de drogas em três pontos principais da Região Metropolitana do Rio: em São Gonçalo (Complexo do Salgueiro, complexo da Almerinda e Morro da Viúva e no bairro Jardim Catarina), em Niterói (Morro do Preventório) e no Rio de Janeiro (comunidades do Jacarezinho, Rato Molhado, Morro do Engenho, Manguinhos, Complexo do Lins, Parque União e Fallet-Fogueteiro).
A investigação quer descobrir agora qual era o lucro da quadrilha na venda desses fuzis e com que frequência eles conseguiam fazer as entregas.
Início da operação
A investigação teve início em março de 2018, após incursão de policiais civis da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) no Complexo do Salgueiro, ocasião em que foram apreendidos drogas, aparelhos celulares e outros objetos. Após minuciosa análise dos aparelhos e interceptações telefônicas, foi possível identificar os integrantes de alguns núcleos de atuação da facção Comando Vermelho, bem como delinear as suas funções na hierarquia do tráfico.
De acordo com o MPRJ, todos os 20 denunciados têm papel relevante de comando, gerenciamento ou de execução das atividades essenciais para o tráfico nos locais mencionados, em esquema violento e com domínio territorial e intimidação de comunidades. Ainda segundo a denúncia, os membros da facção integrada pelos denunciados praticam diversos outros delitos, além da venda de entorpecentes, como a compra e venda de armas de fogo e munições, execução de roubos coordenados, receptação de veículos e a prática de homicídios em série, dentre outros.
A denúncia foi recebida e os mandados expedidos pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de São Gonçalo.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.