Rio - Uma camisa de futebol com o desenho de um zangão e a inscrição 'Pablo Vive' passou a ser usada não somente por traficantes como por alguns moradores de comunidades em que Wilton Quintanilha, o Abelha, passou a influenciar. De acordo com as polícias, o criminoso é um dos chefes do Comando Vermelho e está foragido.
Além do zangão que faz referência ao apelido de Quintanilha, seus seguidores se auto-intitulam pertencentes à 'Tropa do Mel'. "O time de futebol foi uma homenagem ao filho do Abelha, Pablo Rabello, que morreu em confronto com a polícia no Complexo da Penha, em 2019", disse um morador da Penha.
Rabello foi morto aos 26 anos e possuía anotações criminais por tráfico. Na época, Abelha estava preso e não foi autorizado a acompanhar o enterro do filho.
Postagens com o uso da camisa, inclusive por crianças, podem ser vistas nas redes sociais. O apoio de parte dos moradores a Abelha (que saiu da prisão de forma irregular, pois tinha um mandado de prisão em aberto), ganhou força com a sua gestão assistencialista. "Ele distribui brinquedos, cestas básicas. Proibiu roubos, passou a resolver pequenos conflitos familiares e até entrega estupradores à polícia", afirmou outro morador, que preferiu não se identificar, e que usava a camisa.
Desde que saiu da prisão, Abelha se refugiou no Complexo da Penha, na Zona Norte. É de lá que ele coordena mudanças nas chefias das comunidades que não aderiram ao estilo de sua gestão: somente traficar e não roubar. A estratégia seria uma forma de não chamar a atenção da polícia para comunidades da quadrilha.
Também teria partido de Abelha a troca de comando em Manguinhos, com a retirada da liderança de Alexander de Jesus, o Choque, o qual impôs práticas de milícia aos moradores. Em um vídeo, no dia do anúncio da queda de Choque, um traficante usando a blusa 'Tropa do Mel' aparece nas imagens segurando um fuzil, e é aplaudido por moradores.
Isso porque, no dia seguinte ao resgate frustrado, a dupla que estava no helicóptero fugiu para o Complexo da Penha. A reportagem apurou que eles teriam ficado somente um dia no local, escondidos.
O Complexo da Penha também serviu de esconderijo para traficantes do Jacarezinho, após a implementação do programa Cidade Integrada, na comunidade, no dia 19 de janeiro.
Adriano Souza de Freitas, o Chico Bento, chefe do tráfico do Jacaré, teria ido para o local após solicitar um carro por aplicativo. De lá, ele teria seguido para outra comunidade.
Informações sobre Abelha podem ser passadas ao Disque-Denúncia no telefone 2253-1177 ou pelo App do programa.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.