Rio - A Orla Rio, detentora dos direitos da concessão pública de alguns quiosques da Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, suspendeu a operação do quiosque Tropicália e da Lanchonete LTDA, estabelecimentos localizados no mesmo ponto onde o jovem congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, foi espancado e morto.
A Prefeitura do Rio, por meio das secretarias de Fazenda e Planejamento (SMFP) e de Ordem Pública (SEOP), também suspendeu a licença do alvará de funcionamento até que sejam apuradas, pelos órgãos responsáveis, as responsabilidades sobre a morte do cidadão congolês.
Os quiosques já foram notificados na tarde desta terça-feira. A interdição tem o objetivo de garantir a proteção da população local e se manterá em vigor até que seja verificado o atendimento das condições de segurança para reestabelecimento das atividades, em obediência às determinações previstas no termo de permissão de uso do local.
A concessionária Orla Rio disse que está aguardando o resultado da investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e, caso os responsáveis sejam considerados culpados pelo crime, a Orla Rio vai rescindir o contrato, com a consequente retomada de posse do quiosque, bem como o ingresso de ação judicial própria para reparação das perdas e danos.
Por meio de nota, a empresa reforçou que é veementemente contra qualquer ato de violência e está à disposição das autoridades policiais para ajudar no que for preciso com a investigação desse crime brutal ocorrido no dia 24 de janeiro. Por fim, a concessionária disse estar profundamente estarrecida com o ocorrido e se solidariza com a família do Moïse Mugenyi Kabagambe.
Nesta terça-feira, a equipe de reportagem do Dia percorreu a orla da Barra e constatou policiamento reforçado em volta do quiosque Tropicália. Cinco policiais e uma viatura estão no estabelecimento, que se encontra fechado. É possível localizar também pelo menos cinco câmeras de segurança no quiosque.
O caso
A vítima teria sido espancada até a morte por cinco homens, com golpes de madeira e taco de beisebol, após cobrar um pagamento atrasado no quiosque Tropicália. Nesta terça-feira, um homem identificado como Helison Cristiano disse ter sido um dos agressores de Moïse e contou o congolês que teria iniciado a discussão. Ele também negou que Moïse estivesse cobrando salários atrasados. A DHC segue investigando o caso, que agora corre sob sigilo. As imagens das câmeras de segurança ainda não foram disponibilizadas pela polícia.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou como causa da morte traumatismo do tórax com contusão pulmonar e também vestígios de broncoaspiração de sangue. O documento revela lesões concentradas nas costas e o tórax aberto, com os órgãos dentro.
O governador do Rio, Claudio Castro, publicou em suas redes sociais que o assassinato do congolês não ficará impune. "A Polícia Civil está identificando os autores dessa barbárie. Vamos prender esses criminosos e dar uma resposta à família e à sociedade. A Secretaria de Assistência à Vítima vai procurar os parentes para dar o apoio necessário", escreveu.
De acordo com a DHC, imagens de câmeras instaladas no local foram analisadas, testemunhas estão sendo ouvidas e os agentes continuam levantando informações para esclarecer o caso, identificar e prender os autores do crime.
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