Presos acusados da morte do Congolês Moise deixando a DH Barra para o presidio de Benfica, nesta quarta feira (02).Marcos Porto

Rio - O governador Cláudio Castro conversou com jornalistas no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, na tarde desta quarta-feira (2), e afirmou que a ação da Polícia Civil diante da investigação da morte de Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, na última segunda-feira (24), foi rápida e eficaz. Os envolvidos no crime foram presos na última terça-feira (1º) e indiciados por homicídio duplamente qualificado sem possibilidade de defesa e meio cruel.
A declaração acontece após uma cobrança por meio da Anistia Internacional do Brasil, que criticou a demora no esclarecimento do caso. "É preciso que a Polícia Civil do Rio de Janeiro faça uma investigação célere, correta e transparente. É preciso prestar contas à família de Moïse, à comunidade congolesa e à sociedade do Rio de Janeiro e do Brasil de que tudo que deve ser feito está sendo realizado. Estaremos acompanhando", disse Jurema Werneck, diretora da Anistia, na ocasião. 
Questionado sobre a atuação da especializada, Castro afirmou: "Se todas os crimes forem resolvidos em nove dias, a polícia tem que receber mais medalhas do que tem recebido. A Polícia Civil está de parabéns, conseguiu solucionar, estão todos presos. Eu não faço nenhuma crítica à atuação da Polícia Civil, sempre falei que as investigações têm que ter consistência".
"Muitas vezes se empolgam com a ansiedade, cometem erros durante o processo de investigação e isso causa vícios, onde vários criminosos ao longo da história foram soltos por causa dessa pressa que a mídia e a população cobram. Eu tenho cobrado uma Polícia extremamente técnica, que faça seu trabalho correto. A Polícia fez no tempo que julgou necessário para solucionar e os mal feitores estão presos em nove dias", finalizou.
O caso
A vítima foi espancada até a morte por cinco homens, com golpes de madeira e taco de beisebol, após cobrar um pagamento atrasado no quiosque Tropicália. Ele foi encontrado em uma escada, amarrado e já sem vida. De acordo com a DHC, imagens de câmeras instaladas no local foram analisadas, testemunhas estão sendo ouvidas e os agentes continuam levantando informações para esclarecer o caso, identificar e prender os autores do crime. A Polícia também informou que a investigação vai seguir agora sob sigilo.
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Repercussão
A morte brutal de Moïze Kabamgabe segue repercutindo entre os grupos e instituições que atendem os refugiados no país. O Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio da Cáritas (PARES Cáritas RJ), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), informaram que vão acompanhar o caso.
O Abuna, uma organização sem fins lucrativos, também repudiou o ocorrido. "O Abuna repudia este ato de covardia, brutalidade e xenofobia. Nos unimos à família de Moïse e demandamos justiça. Barbáries como esta não podem acontecer. Crimes como este precisam acabar. Nossa oração é por consolo aos familiares da vítima, para que o Espírito Santo enxugue cada lágrima. Neste dia, nós choramos com a querida comunidade congolesa no Brasil".
Moïse tinha 24 anos e chegou ao Brasil ainda criança, acompanhado de seus irmãos. No país, ele e sua família foram reconhecidos como refugiados pelo governo brasileiro. Segundo o Programa, ele era uma pessoa muito querida por toda a equipe do PARES Caritas RJ, que o viu crescer e se integrar.
Parentes e amigos também pediram rigor na investigação da morte do congolês. "Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça", afirmou Ivana Lay, mãe de Moïse, em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo.