Tropicália fica ao lado do quiosque de nome Biruta, onde segundo depoimentos era o atual local de trabalho de MoïseAgência O DIA

Rio - O policial militar Alauir Mattos de Faria, apontado como dono do quiosque Biruta, localizado ao lado do quiosque Tropicália onde Moïse Kabagambe foi brutalmente assassinado, ocupava o estabelecimento de forma irregular. De acordo com a Orla Rio, detentora dos direitos da concessão pública de alguns quiosques da Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, o operador responsável do local é Celso Carnaval. "Esse é um dos fatos que motivaram a abertura de processo judicial contra Celso para reintegração de posse do quiosque".
Outras irregularidades também foram identificadas no quiosque Biruta. Entre elas estão a não comprovação da regularização dos funcionários. Como apontam as investigações, Moïse trabalhava informalmente no quiosque e, segundo a família do refugiado, as agressões ao congolês foram motivadas após ele cobrar diárias de trabalho não pagas. O quiosque também é processado por falta de observância das normas sanitárias e inadimplência. O processo corre na justiça desde julho de 2021.
A concessionária explica que o contrato para operação do Biruta foi celebrado com Celso Carnaval, que, sem o consentimento da empresa, entregou a operação do quiosque a Alauir. A Orla Rio informou que notificou o ex-operador algumas vezes por conta dessa e de outras irregularidades que estavam sendo cometidas, mas como o mesmo não as sanou, rescindiu o contrato e entrou com uma ação judicial.
A Orla Rio reforçou que "é veementemente contra qualquer ato de violência e que não compactua com atitudes imorais e/ou ilegais. Pontua ainda que vai continuar atuando, incansavelmente, para tornar a orla carioca um lugar seguro". 
Atualmente a concessionária suspendeu o funcionamento dos dois quiosques envolvidos nas investigações, o Tropicália e o Biruta. A Prefeitura do Rio, por meio das secretarias de Fazenda e Planejamento (SMFP) e de Ordem Pública (SEOP), também suspendeu a licença do alvará de funcionamento até que sejam apuradas, pelos órgãos responsáveis, as responsabilidades sobre a morte do congolês.
O cabo da Polícia Militar, Alauir Mattos de Faria, lotado no 9ºBPM (Rocha Miranda), e sua irmã, Viviane, chegaram por volta das 10h20 para prestar depoimento à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
O caso
Moïse, que entrou no Brasil como refugiado, em 2011, teve as mãos e os pés amarrados e foi espancado com um porrete de madeira até a morte no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, no dia 24 de janeiro. Uma perícia no corpo de Moïse indica que a causa da morte foi traumatismo do tórax com contusão pulmonar e também vestígios de broncoaspiração de sangue. O documento revela lesões concentradas nas costas e o tórax aberto, com os órgãos dentro.
Na versão dos presos, o espancamento ocorreu após Moïse tentar pegar cerveja do quiosque Tropicália, onde já havia trabalhado, e ameaçar um funcionário idoso, de nome Jaílson.
No entanto, a família afirma que a briga teria começado após ele cobrar diárias atrasadas. A motivação para o crime ainda é apurada pela Polícia Civil.