Estudantes do Colégio Pedro II fazem protesto no Centro do Rio pelo retorno das aulas presenciaisFabio Costa/Agência O Dia
Estudantes do Pedro II e do Cefet protestam por volta às aulas presenciais
Alunos dizem que foram obrigados a trabalhar por conta da suspensão das bolsas, e que as aulas online não garantem a qualidade do ensino
Rio - Estudantes dos colégios federais Pedro II e Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) realizaram protestos no início da tarde desta segunda-feira (7) pela volta às aulas presenciais, suspensas desde o início da pandemia. Os estudantes do Pedro II fizeram um ato unificado na Cinelândia, no Centro, e também nas portas das unidades do colégio. Já os do Cefet estiveram no campus do Maracanã. Diferentemente dos colégios federais, escolas municipais, estaduais e particulares começaram o ano letivo nesta segunda (7).
Paula Bocage, mãe de Betina, 10 anos, aluna da unidade do Humaitá, falou que está esperançosa para que as aulas no Pedro II voltem o mais rápido possível. "Estou com muita esperança. Essa situação afetou muito a minha filha. Ela está com acompanhamento psicológico desde julho de 2020 por conta de ansiedade e tristeza. Ela está todas as noites rezando pela volta das aulas".
A mulher cita ainda que com as aulas online, a criança fica desmotivada. "Eu saio para trabalhar e vejo ela lá sempre reclamando que não é a mesma coisa, sentindo muito falta dos amigos e do convívio. Isso está fazendo muita falta, já passou da hora de voltar".
Ao finalizar, Paula diz que não tem motivo para as crianças não voltarem de forma presencial, se elas estão vacinadas. "O que o colégio está fazendo é uma vergonha. Isso não combina com o tipo de ensino que eles oferecem. Eles sempre pregaram a inclusão, o que eles estão fazendo é muito medíocre".
Em nota, a direção do colégio informou que será instituído regime de semipresencialidade, com divisão em 50% dos estudantes da turma, em grupos A e B, com presença semanal de cada um dos grupos no turno do estudante. Além disso, haverá espelhamento da carga horária síncrona para o presencial. Por fim, disse que "na alternância, os estudantes que não estiverem na semana presencial terão atividades assíncronas das disciplinas".
"O documento estabelece a semana de 7 a 11 de fevereiro para o planejamento do retorno às atividades presenciais pelas Direções-Gerais e Coordenações Pedagógicas. Neste período, se propõem a manutenção do sistema de ensino remoto anteriormente praticado".
No último dia 2, o Conselho Superior do Colégio Pedro II (Consup) decidiu adiar a volta das aulas presenciais na instituição, que estava marcada para esta segunda-feira (7). Com isso, o modelo híbrido foi mantido com os alunos indo ao colégio a cada 15 dias. No dia 25 de fevereiro, haverá uma nova reunião para decidir as condições do ensino. A decisão desagradou estudantes e responsáveis, que protestaram. No Centro, estudantes do Pedro II caminharam da Cinelândia até o Ministério Público Federal (MPF), que já havia pedido à Justiça o retorno das aulas presenciais, em uma das instituições de ensino mais tradicionais do Brasil.
"Nossa manifestação de hoje é para protestar contra a decisão da reitoria e do Conselho Superior de manter nossas escolas fechadas. Todos os alunos da rede estadual, municipal e particular estão voltando, menos da rede federal. A gente não pode tolerar que a escola fique fechada por tanto tempo", lamenta João Lucas, estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Pedro II.
No ato do Cefet, instituição que também ainda não optou pelo ensino presencial, estudantes protestaram com gritos de "Cadê minha aula? Ensino online não me deixa aprender nada". Uma aluna do curso técnico afirma ter começado a trabalhar depois de ter a bolsa cortada durante a pandemia.
"A minha bolsa foi cortada, fui obrigada a começar a trabalhar, precarizando ainda mais o meu ensino. Não consegui acompanhar as aulas, quase fui reprovada por falta, por simplesmente ter que trabalhar porque meu auxílio foi cortado. Esse auxílio é o que mantém os estudantes na escola. Quero estudar, e estudar presencialmente, com segurança, com máscara", protestou Alice, durante a manifestação.
Em nota, o Cefet afirmou que ainda está encerrando o segundo semestre letivo de 2021. "Houve uma interrupção das atividades administrativas e acadêmicas presenciais, que estavam retornando de forma gradual, em decorrência do avanço da variante ômicron. As atividades continuam ocorrendo normalmente de forma remota. A previsão para o retorno 100% presencial é a partir de 18 de abril, quando inicia o ano letivo de 2022".
A instituição ressaltou também que há a previsão de retorno presencial gradual das atividades administrativas e acadêmicas no Cefet/RJ a partir de 16 de fevereiro, dando continuidade ao que já estava estipulado na Portaria nº 1.026/2021.
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