Familiares de Jurema Alvares morta na Cidade de Deus, no IMLMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - A filha da diarista Jurema Alvares Pinto, de 66 anos, morta com um tiro no peito, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, disse que a mãe era batalhadora e gostava de ajudar a família e os vizinhos. Os familiares da vítima estiveram no Instituto Médico-Legal (IML) na manhã desta terça-feira para fazer o reconhecimento e liberar o corpo.Jurema tinha cinco filhos e dez netos, sendo que um deles morava com ela. "Minha mãe era muito batalhadora, trabalhava desde os 13 anos. Criou a gente sozinha, porque meu pai não a ajudou. Ela criou o neto de 24 anos até hoje. Eles moravam juntos, dormiam na mesma cama, praticamente um filho pra ela. Ela era uma guerreira e agora foi embora, deixou a gente aqui. Ela ajudava a família e os vizinhos, era muito querida", disse Cristina Alvares, chorando.
A idosa estava na carona do carro do filho, Marcelo Alvares, passando pela Rua Edgard Werneck que margeia a comunidade. O disparo teria sido efetuado por traficantes que transitavam pela via no momento. Segundo Cristina, a mãe estava indo para o trabalho, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, e levava no colo uma vassoura recém-comprada que usaria no serviço. Em relato feito aos PMs, o filho da vítima teria dito que ouviu muitos tiros e viu traficantes atravessando a rua.
"Não tinha nenhum policial, nenhum confronto. Meu irmão disse que tinha uns meninos ali passando no sinal e que deram tiros pro alto. Ele sentiu uns estilhaços no rosto dele e quando olhou pro lado, minha mãe colocou a mão no peito disse: 'Acho que levei um tiro'. Ele já ligou o pisca alerta, porque já estava ali na praça da Cidade de Deus. Aí um mototaxista veio e o ajudou a entrar na UPA com ela", contou a filha de Jurema.
Cristina disse que era uma rotina o irmão passar naquela região, porque levava e buscava todo dia a mãe no trabalho. Segundo ela, Jurema já era aposentada e os filhos já haviam pedido para ela parar de trabalhar, sem sucesso.
"Ela era aposentada e a gente já tinha pedido pra ela parar de trabalhar, porque ela não precisava. Só que ela não conseguia ficar em casa, gostava de trabalhar", disse ela.
Crime a poucos metros de Companhia Destacada da PM
O crime aconteceu a poucos metros de uma Companhia Destacada da Polícia Militar na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. Em entrevista ao RJTV 2, Marcelo Alvarez  contou que os policiais só souberam do ocorrido depois que ele foi até os militares. Ele dirigia o veículo no momento em que a mãe foi atingida pelo disparo.
"A gente estava vindo normal, como a gente passa ali sempre, de repente chega na praça e a gente escuta barulho de disparo. Nessa, o sinal fechou e vimos os carros parados na outra via e vimos homens armados passando e dando tiro. Paramos ali e fiquei parado no sinal. Tiro pra cá, tiro pra lá. Escuto estilhaço batendo no meu rosto e eu olho pra mim e caramba atingiram meu carro", relembrou ele.
Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar, não havia nenhuma operação policial sendo realizada pelo 18º BPM (Jacarepaguá) no momento em que o disparo atingiu a idosa.
A Polícia Civil informou nesta terça que a investigação está em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Os agentes seguem em diligências para esclarecer a autoria, a origem do disparo que atingiu a vítima e a dinâmica do crime.