Detentas trabalham para transformar roupas piratas em doações para famílias de PetrópolisFrancisco Junior/ Ascom Seap

Rio - Centenas de mortos e desaparecidos, inúmeras famílias desabrigadas. As fortes chuvas em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, deixaram um lastro de lama, destruição e tristeza, mas despertaram uma rede de solidariedade. Presos do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, se dedicam para transformar roupas piratas em doação aos desabrigados da enchente. O material, cerca de 90 toneladas de calças, camisas e calçados, foi apreendido pela Operação Foco e estocado na Cidade da Polícia. Até o momento, mais de 100 pessoas foram mortas e pelo menos 114 desaparecidas.

A iniciativa é uma parceria entre a Vara de Execuções Penais (VEP) da Capital, as secretarias de Estado de Administração Penitenciária, de Polícia Civil e de Desenvolvimento Social e o RioSolidário. Cerca de 10 a 20 detentos trabalham no processo de descaracterização das roupas, que terão as etiquetas arrancadas e as marcas extraídas. A previsão é que a primeira remessa da doação siga para a cidade imperial neste sábado.

"Espera-se que essa iniciativa seja mais uma força na rede de solidariedade que se forma em prol das vítimas das chuvas de Petrópolis. É preciso unir todos os esforços disponíveis visando minimizar a dor e o sofrimento daqueles que foram atingidos nessa tragédia", destacou o juiz Bruno Rulière, da Vara de Execuções Penais.
A catalogação do material e o carregamento das peças em caminhão foram feitos por uma equipe de dez detentos, no galpão da Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), na Cidade da Polícia, nesta quinta-feira. Todo o material foi levado para as penitenciárias Talavera Bruce e Esmeraldino Bandeira.

"A ação revela que garantir o acesso ao trabalho às pessoas privadas de liberdade é uma medida que, além de ser essencial para atingir os fins ressocializadores da pena, pode servir em benefício direto da sociedade", finalizou o magistrado.