Moïse foi vítima de uma barbárieDivulgação

Rio - A Justiça do Rio aceitou, nesta terça-feira, a denúncia contra os acusados pela morte do congolês Moïse Kabagambe. Na decisão, a juíza Tula Correa de Mello, titular da 20ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, pediu a prisão preventiva dos envolvidos no assassinato de Moïse, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, Brendon Alexander Luz da Silva e Fábio Pirineus da Silva. Com a aceitação da denúncia do MPRJ, os Aleson, Brendon e Fábio viram réus pela morte do congolês. 

No documento, a juíza explicita que há indícios de que o crime foi praticado por "motivo fútil", já que aconteceu após uma discussão e que teve "emprego de meio cruel haja vista as agressões bárbaras" contra Moïse. Os denunciados tem até dez dias para apresentar uma resposta escrita e apresentar documentos que possam embasar a defesa. 

Nesta segunda-feira, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou a denúncia contra os Fábio, Aleson e Brendon pela morte de Moïse Kabagambe. O MP informa na denúncia que Moïse foi agredido com requintes de crueldade, “como se fosse um animal peçonhento” e que os denunciados “com vontade livre e consciente de matar, em comunhão de desígnios entre si, agrediram a integridade corporal” do jovem.

Crime que chocou o país
Moïse Kabagambe, 24 anos, trabalhava no quiosque Tropicália na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele foi espancado e morto por Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Luz da Silva na noite do último dia 24 de janeiro. Os três homens agrediram o jovem com socos e chutes, golpes de taco de beisebol e pauladas.

O motivo, de acordo com relatos colhidos pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCRJ), foi um desentendimento após Moïse cobrar valores de duas diárias de trabalho no quiosque.
O crime gerou grande comoção com repercussão nacional e internacional, protestos e até relatos de ameaças de familiares do jovem congolês que chegaram a dizer que teriam sido inibidos ao ir até o local onde fica o quiosque para protestar e mostrar a indignação pelo assassinato brutal de Moïse.
Organizações de Defesa dos Direitos Humanos, Grupos Antirracistas e outras entidades de grande importância, bem como artistas e autoridades foram às redes sociais protestar contra o crime. O caso chamou a atenção das autoridades sobre condições de trabalho insalubre, maus tratos, abusos e não cumprimento de leis trabalhistas para com os imigrantes que residem na capital fluminense, que vieram para cá fugindo de guerras e conflitos políticos na esperança de um recomeço no Brasil.