Secretário da Polícia Civil, Allan Turnowski, governador Claudio Castro e secretário da PM, Luiz Henrique Marinho Pires, em coletiva após prisão de milicianos de Rio das PedrasFabioCosta

Rio - Preso no condomínio em que morava no Itanhangá, Zona Oeste do Rio, Fabiano Cordeiro, o "Mágico", foi solto há duas semanas e estava usando tornozeleira eletrônica após ter sido preso na Operação Intocáveis em janeiro de 2019.
A Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (DRACO-IE) prendeu nesta quinta-feira três lideranças e três seguranças do grupo que controla o crime na Muzema e em Rio das Pedras. Os criminosos tentaram fugir da abordagem policial no térreo do Condomínio Moradas do Itanhangá e tiros foram trocados dentro do espaço residencial.
Ao chegar em uma moto, seguranças do miliciano Fabiano Cordeiro, o Mágico, reagiram. Três seguranças foram presos neste momento, Daniel Crichigno, vulgo "Buiu", Marcos Alves de Souza e Irlan Andrade dos Santos. Mas, as três lideranças conhecidas como Mágico, Pezão e Digão fugiram e houve perseguição dentro do condomínio.


Os agentes foram atrás, viram uma moto caída e moradores indicaram que os criminosos haviam entrado em um prédio. Duas lideranças foram presas no local e a terceira em uma mata.
No total seis suspeitos de integrar a cúpula da milícia de Rio das Pedras foram detidos: Fabiano Cordeiro, o “Mágico”, João Henrique Pedro da Silva, conhecido como “Pezão”, Rodrigo Bastos Moraes, o “Digão”, Daniel Crichigno, vulgo “Buiu”, Marcos Alves de Souza e Irlan Andrade dos Santos.

Os policiais monitoravam as lideranças há dois meses e realizaram a ação ontem (24) porque queriam prender o grupo de uma só vez. Nesta quinta-feira, os comparsas haviam ido a uma reunião no condomínio em que Mágico mora para alinhamento interno do grupo criminoso.
Contra o criminoso conhecido como Digão, havia dois mandados de prisão pendentes, pelos crimes de organização criminosa, constituição de milícia privada e roubo majorado. Segundo dados da Seção de Inteligência Policial, ele também teria participação na milícia da comunidade do Campinho, no bairro de mesmo nome.

De acordo com a especializada, Mágico seria um dos líderes locais, junto com Pezão. Apesar da proximidade com o miliciano Tandera, o grupo paramilitar da comunidade tem autonomia para agir sozinha sendo uma das mais antigas da capital.

As investigações são realizadas há pelo menos dois meses por meio de um trabalho de mapeamento e monitoramento da organização criminosa que atua na comunidade de Rio das Pedras. A ação é coordenada pelo delegado titular da especializada, Thiago Neves e faz parte do programa Cidade Integrada.
O governador Claudio Castro afirmou durante coletiva de imprensa no Palácio Guanabara na manhã desta sexta-feira que a polícia está recebendo mais infraestrutura e pessoal para monitorar e prender eventuais sucessores do grupo no crime. 
"Nós acreditamos muito no sucesso do programa (Cidade Integrada). Não há fórmula mágica. Não há gênio da lâmpada. É um problema que levou anos para chegar no nível que está. Conforme o programa for amadurecendo, haverá uma ocupação menor. As investigações continuam. São perenes. Se outros criminosos pegarem o lugar, eles viram alvo da polícia. A certeza da impunidade gerava isso", afirmou o governador Claudio Castro.
O secretário da Polícia Civil, Allan Turnowski, afirmou que quando a Muzema foi escolhida para receber o programa Cidade Integrada, os agentes tinham em mente que a comunidade é dominado pela milícia de Rio das Pedras.
"O berço da milícia no Rio de Janeiro foi Rio das Pedras. Então, era óbvio que a gente ia para dentro de Rio das Pedras para buscar a prisão dessa cúpula. Miliciano é como traficante. Eles brigam, retomam território, separam. A gente está atento a isso tudo", disse Turnowski.
O secretário da Civil acrescentou que a polícia trabalha com troca de informações de outros órgãos de inteligência como o Ministério Público Estadual e a Polícia Federal, além da investigação própria. "Pra gente é uma rotina prisão de miliciano. Outras lideranças estão sendo monitoradas. Nenhum criminoso se sente seguro no Rio de Janeiro", afirmou.
Na ação, foram apreendidos anotações de contabilidade, celulares, armas, joias, um carro e motos roubadas.
Cidade Integrada completa um mês

O programa Cidade Integrada completou um mês de atuação nas comunidades da Muzema, Zona Oeste, e Jacarezinho, na Zona Norte, no dia 22. O governador Claudio Castro citou os primeiros resultados durante a entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira no Palácio Guanabara.

O governo levou, durante quatro sábados consecutivos, um mutirão de serviços do RJ para Todos, onde mais de 10 mil moradores foram atendidos. Dentre as solicitações estão emissão de documentos, gratuidade para certidões, cadastro no balcão de empregos, orientações de saúde para adultos e crianças, cadastramento para o processo de regulamentação fundiária, solicitação de crédito para microempreendedores e até vacinação infantil.

O Detran.RJ atendeu, em um mês, 2 mil solicitações de de identidades e habilitação para moradores da Muzema e Jacarezinho. Os primeiros documentos já começaram a ser entregues.

"O programa Cidade Integrada é um projeto de retomada de território, estamos levando os serviços do governo para o desenvolvimento das duas comunidades, de acordo com as fases de cada eixo. Já avançamos muito neste primeiro mês, com muitos desafios, e avançaremos ainda mais nos próximos", explicou Castro.

O Instituto de Segurança Pública (ISP) aponta uma queda de 31,1% nos roubos de rua nos bairros do entorno do Jacarezinho e queda de 28,9% nos roubos de veículos na mesma região (comparando o mesmo período antes e depois do lançamento do programa).

O Cidade Integrada envolve cerca de 40 órgãos e secretarias estaduais com ações voltadas para mulheres, idosos e jovens; construção e reforma de equipamentos públicos; melhorias habitacionais e de infraestrutura; saneamento; saúde; educação, além de fóruns e grupos de trabalho para discutir a implementação das demandas da população.

A previsão é de cerca de R$ 500 milhões em investimentos nas duas comunidades até a conclusão do programa. Cerca de 40 mil habitantes serão beneficiados diretamente nas duas comunidades.