Produtividade da Draco no primeiro bimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2021Arte O DIA

Rio - A Polícia Civil obteve informações de que o foragido Danilo Dias, o Tandera, passou a usar ‘milicianos treinados para guerra’, ou seja, especializados em confrontos, para extorquir moradores e comerciantes. O grupo é chamado de GAT (Grupo de Ações Táticas) da milícia em alusão aos grupos dos batalhões da PM treinados para confrontos.
Essa seria uma tática dos milicianos de Tandera para aterrorizar mais ainda as suas vítimas e, com isso, garantir recursos para enfrentar Zinho. Há uma estimativa de lucro mensal na região de cerca de R$ 2 milhões.
A disputa por território pela milícia na Zona Oeste do Rio foi acirrada após a morte do Wellington da Silva Braga, Ecko, morto em junho do ano passado. Tandera passou a ser rival do sucessor de Ecko, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.
Em pouco mais de um mês, sete pessoas foram mortas na disputa. Uma das últimas mortes foi a de um homem identificado como Mutante, ligado a Tandera.  Dados da inteligência mostram que Zinho conseguiu
aumentar o seu domínio em Nova Iguaçu, na região conhecida como km32, que era de controle de Tandera.
Produtividade da Draco
Na sala do delegado Thiago Neves, titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), um quadro de 'Bastardos Inglórios' se destaca. O filme de Quentin Tarantino, de 2009, conta a fictícia saga de um grupo que agia nos bastidores da II Guerra Mundial para acabar com nazistas, usando para isso de extrema violência. Mas, ao contrário do grupo, é através do foco na inteligência que a especializada 'caça' milicianos.
A estratégia reflete na produtividade. No primeiro bimestre deste ano, o número de prisões em flagrante triplicou em relação ao mesmo período de 2021, que já registrava recorde. Ainda no mesmo intervalo de análise, o número de pedidos de prisões preventivas à Justiça foi o dobro.
"Apreendemos uma grande quantidade de celulares e aumentamos os pedidos de quebra de sigilo de dados. Isso é material que será investigado e irá gerar mais prisões e conclusões de inquéritos", afirmou Neves.
No seu histórico profissional, o delegado, que já foi capitão da Polícia Militar, tem como bagagem passagens no combate à lavagem de dinheiro e na Subsecretaria de Inteligência (Ssinte). "A passagem na Ssinte agregou fundamentos e ferramentas de inteligência para o aprimoramento de investigações", ressaltou.
Uma das prisões mais expressivas foi a de parte da cúpula da milícia de Rio das Pedras. Segundo o delegado, diversas ações de inteligência foram executadas, inclusive, dentro da própria comunidade, desde o início do ano. Sem disparar tiros, seis foram presos, incluindo Fabiano Cordeiro Ferreira, conhecido como Mágico e considerado um dos chefes da organização.
O monitoramento de ligações e de redes sociais de criminosos é feita pela própria Draco, na sala de escuta que funciona 24 horas. Somente este ano, 23 pedidos de afastamento de sigilo de dados foram feitos.
Contribuindo com dados de inteligência, o delegado participou, no ano passado, da operação que culminou com a captura do miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto ao reagir. Assim como os outros agentes, recebeu uma medalha de bravura pela ação.