Rio - A Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), deflagrou a operação 'Florida Heat', na manhã desta terça-feira, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de armas dos Estados Unidos para o Brasil. Ronnie Lessa, réu pela morte de Marielle Franco, é um dos alvos da operação. O mandado contra ele foi cumprido na Penitenciária de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Três pessoas foram presas no Brasil.
Além de Lessa, que já estava preso, os agentes prenderam Ilma Lustosa, 88 anos, e o filho dela, Victor Souza Oliveira, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Na casa de Ilma, a quadrilha usava uma impressora 3D para terminar de montar o armamento, que posteriormente eram distribuídos para traficantes, milicianos e assassinos de aluguel, segundo a PF.
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Nos Estados Unidos, três pessoas foram avisadas dos mandados judiciais expedidos pelas autoridades brasileiras e aguardarão processo de extradição ou transferência de processo para os EUA a fim de que lá respondam por seus atos.
A entrada do armamento no Brasil se dava através de rotas marítimas (contêineres) e aéreas (encomenda postal) pelos estados do Amazonas, São Paulo e Santa Catarina e tinham como destino final a residência de Ilma. De acordo com a PF, o material era guardado dentro de equipamentos como máquinas de soldas e impressoras, despachados juntamente a outros itens como telefones, equipamentos eletrônicos, suplementos alimentares, roupas e calçados.
Durante a ação, os policiais apreenderam uma espingarda, duas pistolas, munições, celulares, mídias, documentos, relógios e joias.
Agentes saíram para cumprir sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão na capital fluminense; em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul e em Miami, nos EUA. A 1ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro também determinou o sequestro de bens, avaliados em cerca de R$ 10 milhões.
As investigações, que já duram cerca de dois anos, descobriram a existência de um grupo responsável pela compra de armas de fogo, peças, acessórios e munições nos EUA e, posterior, envio ao Brasil.
O dinheiro para a compra do armamento era enviado do Brasil para os EUA através de doleiros. Foi identificado um brasileiro, dono de churrascarias em Boston, que recebia parte desse dinheiro e repassava para os alvos residentes nos EUA.
O grupo investia o dinheiro adquirido com o tráfico de armas em imóveis residenciais, criptomoedas, ações, veículos e embarcações de luxo. Ao longo da investigação, foram apreendidos milhares de armas, peças, acessórios e munições de diversos calibres, tanto no Brasil, quanto nos EUA.
Os acusados vão responder pelos crimes de tráfico internacional de armas, organização criminosa e lavagem de capitais.
O nome da operação 'Florida Heat' faz referência ao estado americano de onde as armas eram enviadas ao Brasil pelo grupo criminoso.
A ação teve o apoio da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations – HSI) da Embaixada dos Estados Unidos, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ) e da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro dos Macacos.
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