Thais Oliveira Santos, esposa de Hyago de MacedoCleber Mendes/Agência O Dia

Rio - A deputada federal (PSOL-RJ) Talíria Petrone pressiona a Prefeitura de Niterói e a Secretaria de Ordem Pública da cidade para apurar a denúncia feita pela família do vendedor de balas, Hyago de Macedo, 21, morto por um policial aposentado em frente à Estação das Barcas, em Niterói, no dia 14 de fevereiro deste ano. De acordo com a viúva do ambulante, Thais Oliveira Santos, dois carros da Guarda Municipal a seguiram junto a seus parentes após um ato pedindo por Justiça pela morte do jovem, no dia 14 de março, um mês após o crime.
Vendedor de balas é morto por policial no terminal das barcas em Niterói  - cleber mendes
Vendedor de balas é morto por policial no terminal das barcas em Niterói cleber mendes
Ao fim do protesto, Thais contou que passou a tarde vendendo balas na região, atividade que gera a renda familiar e se encaminhou para casa. No entanto, percebeu que estava sendo seguida por guardas e se sentiu intimidada com a situação. A viúva buscou ajuda da deputada Talíria, que já acompanhava o caso desde fevereiro, prestando apoio à família. 
A parlamentar, inicialmente, repercutiu o ocorrido nas redes sociais, mas na última semana enviou alguns questionamentos à prefeitura para formalizar a denúncia. "Taís, sua companheira, foi seguida à noite no caminho de casa, com os filhos, por dois carros suspeitos. Tentativa de intimidação não pode ser tolerada! Reivindicamos ampla investigação", disse.
Ao O Dia, Talíria repudiou a perseguição da viúva de Hiago após o fim do protesto. "É inaceitável que uma família que ainda se recupera do trauma do assassinato de um ente querido, ocorrido em plena luz do dia, passe por uma intimidação como essa. Hiago foi morto enquanto trabalhava e sua família ainda espera por justiça. Vamos tomar todas as medidas cabíveis para que o caso seja investigado e os filhos e a esposa de Hiago tenham a segurança garantida", afirmou
Procurada, a Prefeitura de Niterói não se pronunciou sobre a denúncia até o momento.
Relembre o caso
Hyago saiu de casa no início da manhã do dia 14 de fevereiro para vender os produtos no calçadão do terminal das barcas, em Niterói, como fazia todos os dias. No entanto, ele se envolveu em uma discussão com um pedestre e o policial entrou na briga. Uma discussão foi iniciada e o agente de folga disparou contra ele. O filho adolescente de Thais estava no momento do tiro e contou que o PM atirou à queima-roupa no peito de Hyago. "Em momento nenhum ele agrediu o homem, ele [o policial] simplesmente bateu no peito dele e atirou para matar, deu um tiro no peito. A minha filha vai fazer dois anos sem o pai e minha vida está desmoronando", disse a viúva bastante abalada.
"Ele estava lutando, ele saia todos os dias às 5h da manhã para poder vender bala. Todo o dinheiro era para fazer uma festa, com buffet. Infelizmente ele foi oferecer uma bala para uma pessoa e foi chamado de ladrão, ele aumentou a voz para o cara e outra pessoa, que não tinha nada a ver no problema, apenas um policial que não honra a farda, sacou a arma da cintura e deu um tiro. Uma bala dele custa R$ 3 e dois é R$ 5, e a vida dele custa quanto?", indagou o primo da vítima, Jonathan César.
Versão da Polícia Militar
A Polícia Militar informou que, de acordo com informações preliminares, o policial militar de folga interviu em uma tentativa de roubo na Praça Arariboia. Na ação, ainda segundo a PM, Hygo teria "investido contra sua integridade, sendo atingido por um disparo".
O PM aposentado Carlos Arnaud Baldez Silva Júnior, autor do disparo está preso e vai responder por homicídio doloso, quando há a intenção de matar, com motivo fútil e agravante.