Rio - Sem acordo com as empresas de ônibus, rodoviários decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A paralisação dos transportes de passageiros da cidade, incluindo os BRTs, começa a partir de zero hora desta terça- feira (29). A categoria pede melhorias salariais e das condições de trabalho. Atualmente, quase 19 mil rodoviários no município do Rio transportam diariamente três milhões de pessoas.
"Nós tentamos desde setembro nós tentamos a recomposição do piso salarial e da cesta básica, sem nenhuma proposta encaminhada pelos empregadores. Então, os trabalhadores não aguentam mais trabalhar em situações precárias e há três anos sem reajuste salarial. A greve está decretada e nós pedimos a contribuição da população para essa luta dos trabalhadores. População estaque também tem sido prejudicada, nos últimos anos, com o sucateamento e falência do transporte público de péssima qualidade", pontuou o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio (Sintraturb/RJ), Sebastião José da Silva.
O martelo foi batido nesta noite durante assembleia da categoria na sede social do sindicato, em Rocha Miranda, na Zona Norte. De acordo com o Sintraturb/RJ, cerca de 450 motoristas e cobradores decidiram pela greve.
"Como já era esperado, os empresários não ofereceram nenhuma proposta para reajustar os salários e demais benefícios. Ficaremos em estado de greve (apenas o sindicato) caso alguma proposta seja apresentada; para isso convocamos nova assembleia para amanhã (terça-feira) às 14h, aqui em Rocha Miranda caso isso ocorra", explicou o presidente do Sintraturb/RJ.
Durante audiência nesta segunda-feira (28), no Ministério Público do Trabalho (MPT), de acordo com Silva, a proposta inicial feita pelos empresários foi a de suspender a paralisação por setenta dias. No entanto, o MPT considerou o prazo longo demais e sugeriu que a categoria aguardasse até a próxima segunda-feira. Ainda conforme o sindicalista, os trabalhadores estão há mais de três anos sem reajustes de salário, tickets ou cesta básica.
"Em todos esses anos como sindicalista jamais presenciei um quadro tão tenebroso no transporte público como agora", lamentou Silva.
Por meio de nota, o Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus da Cidade do Rio, informou que repudia o movimento grevista. O sindicato disse ainda que pede que os profissionais não façam adesão à paralisação e retomem seus postos de trabalho. Veja a nota na íntegra:
"O Rio Ônibus repudia o movimento grevista, que prejudicará toda a sociedade carioca. A ação, que tentou ser impedida pelo Rio Ônibus por liminar judicial, não resolve o problema da classe, e agrava a atual crise de mobilidade na cidade do Rio. Mesmo em meio às dificuldades financeiras já conhecidas pela população, as empresas têm priorizado o pagamento dos rodoviários e a manutenção de seus empregos. O reajuste de salários depende de ações externas, já que três dos quatro consórcios se encontram em Recuperação Judicial. O Rio Ônibus pede que os profissionais não façam adesão à paralisação e retomem seus postos de trabalho, atendendo a população, até que haja resultados dos diálogos mantidos com a Prefeitura, na busca por soluções para o setor."
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