Protesto na noite de segunda-feira já tinha incendiado um ônibusReginaldo Pimenta/Agência O Dia

 Rio - Moradores realizam uma manifestação, na manhã desta terça-feira (5), pela morte do adolescente  Cauã da Silva Santos, de 17 anos, em Cordovil, na Zona Norte do Rio. A família acusa a Polícia Militar de ter encurralado e dado um tiro no peito da vítima, que ainda foi jogada em um valão da comunidade do Dourado. O ato acontece nas proximidades da Ruas Bulhões Marcial, no bairro onde o crime aconteceu. Manifestantes atearam fogo em três ônibus. Dois deles ficaram totalmente destruídos e motoristas conseguiram conter as chamas que atingiram o terceiro. 
O fogo também atingiu postes com fiação elétrica. O Corpo de Bombeiros atua no combate ao incêndio nos ônibus e a Polícia Militar foi acionada para o local. Na manifestação desta terça-feira, uma mulher disse que o corpo da vítima ficou mais de uma hora dentro do valão e que a PM não prestou socorro. Cauã saía de um evento na quadra da associação de moradores da comunidade, na noite de ontem, quando teria sido encurralado em um beco, junto com outros adolescentes, que conseguiram fugir. Moradores afirmam que os policiais militares entraram na região atirando e que não havia confronto no momento do crime. 
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a população retirando Cauã do valão. Ele foi encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a vítima chegou já sem vida à unidade. O corpo do adolescente foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) por volta das 8h desta terça-feira. Ainda não há informações sobre o sepultamento. Ontem, moradores já haviam realizado uma manifestação na comunidade pedindo justiça. No protesto, um ônibus foi incendiado. 
Cauã era faixa laranja de Jiu-jitsu e participaria de um campeonato mundial de luta livre no próximo sábado. O adolescente trabalhava em um ferro-velho, tinha o sonho de alistar ao Exército e seguir carreira militar. Procurada, a Polícia Militar informou que "a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) já instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias do caso". A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga a morte. "Testemunhas serão ouvidas e diligências estão sendo realizadas para esclarecer todos os fatos", disse a Polícia Civil, em nota.