Manifestantes protestam em frente à sede da Comlurb, na TijucaFabio Costa/ Agência O Dia

Rio - A greve dos garis, iniciada no último dia 28, chega nesta quarta-feira ao seu décimo dia sem perspectiva de acordo. O Siemaco-Rio, sindicato que representa os trabalhadores, quer conseguir negociar com a Comlurb e aguarda a marcação de uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho para defender a legalidade da greve. A empresa no entanto, diz que só entra em acordo se o serviço for retomado. Um movimento desvinculado do sindicato se concentra em frente à sede da companhia de limpeza urbana na Tijuca desde o fim da manhã de hoje (6).
O Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação (Siemaco) trabalha para defender a legalidade da greve, considerada ilegal em audiência do dia 31. Trabalhadores já consideram internamente abaixar o pleito para um reajuste de 15% no salário e 15% no vale-refeição. Antes, a categoria pedia 25% de aumento.
"O MPT (Ministério Público do Trabalho) entendeu a greve como abusiva. Deu esse parecer e mandou para o tribunal. Nossos advogados estão na expectativa da marcação do julgamento da greve. Neste momento, a greve continua. Nós queremos entrar em acordo, mas a Comlurb condiciona a volta da negociação à suspensão do movimento, o que não é possível", explica Antonio Carlos, do Siemaco.
Em paralelo à estratégia sindical, um grupo de dezenas de pessoas se reúne desde as 10h em frente à sede da Comlurb, na Tijuca, Zona Norte do Rio . Os manifestantes usam faixas laranjas na testa e pedem negociação com a Comlurb. Alguns, usam o uniforme da categoria. Uma faixa estendida cobra o prefeito Eduardo Paes: "Não tem arrego, negocia, Paes", diz o texto. 
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O Tribunal Regional do Trabalho informou que ainda não há nenhuma audiência marcada no processo. O Ministério Público do Trabalho se manifestou contrário à legalidade da greve nesta terça-feira (5). Caso as partes não façam novo pedido de audiência de conciliação, o processo será encaminhado para julgamento.
MPT considera greve abusiva
A procuradora regional do trabalho, Deborah da Silva Felix, considerou em seu parecer encaminhado ontem (5) à Justiça do Trabalho que a paralisação não respeitou parte da legislação trabalhista. A procuradora afirmou ainda que o sindicato da categoria não poderia declarar greve, enquanto as negociações ainda estivessem mantidas.

"Mesmo considerando justo e legítimo o pleito pensamos que, socorrendo-se da greve como meio de pressão, deveriam atentar para os requisitos legais exigidos, que somente justificariam sua superação diante de situações que envolvessem grave risco aos trabalhadores, o que não vislumbramos na hipótese examinada", diz trecho do documento.

Depois de duas audiências de conciliação e três assembleias, os garis e a Comlurb ainda não chegaram a um consenso.

Na última audiência, no dia 31 de março, a proposta previa reajuste salarial de 6% em março, 2% em agosto e cerca de 2% em novembro, além de reajuste de 3% no tíquete alimentação. Também está na proposta, a compensação de três dias de greve, sem desconto. Os trabalhadores rejeitaram essa proposta.

Pela manhã desta terça-feira, um grupo com mais de 100 garis fez uma passeata do Centro até a Zona Sul da cidade em protesto por melhores condições de salário. "Respeitem os Garis!", "Não tem arrego", eram alguns dos gritos entoados pelos profissionais da Comlurb, que buscam um acordo com a companhia e a Prefeitura do Rio por aumento de salários e benefícios.
Iniciada no dia 28 de março, a greve só foi interrompida na última sexta-feira devido às fortes chuvas que atingiram a cidade, mas foram retomadas na madrugada de terça-feira. A cidade segue com acúmulo de lixo nos bairros.
Comlurb alerta população para importância de respeitar dias e horários de coleta

A companhia de limpeza urbana do rio afirmou que a greve dos garis tem dificultado a saída dos caminhões de coleta domiciliar das gerências, com piquetes na porta das unidades e ameaças a funcionários que querem trabalhar. A Comlurb reitera o apelo para que os sacos de lixo sejam colocados para fora apenas nos dias tradicionais de recolhimento de cada rua. Se os dias do serviço são às segundas, quartas e sextas, os resíduos devem ser dispostos apenas nesses dias. O mesmo vale para quem tem a coleta na porta de casa às terças, quintas e sábados.
Oferecer os resíduos fora do dia de entrega aos caminhões contribui para o acúmulo de lixo em via pública, deixando a sensação de que o serviço não está sendo feito. "A coleta domiciliar tem sofrido atrasos pontuais por causa de atos criminosos, mas os roteiros vêm sendo cumpridos em 100% em todas as regiões da cidade", diz em nota.