A estação Gramacho ficou lotada após a SuperVia suspender a circulação dos trens nos ramais Saracuruna e Belford RoxoMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - A manhã foi de caos para os trabalhadores da Baixada Fluminense. Com a suspensão dos ramais Belford Roxo e Saracuruna da SuperVia, diversos passageiros tiveram dificuldades para se locomover pela cidade e chegar ao trabalho. A concessionária disse que 54 estações foram fechadas às 5h35 e reabriram gradualmente a partir das 8h20. Somente às 13h46, o ramal de Belford Roxo foi normalizado.
Na estação de Gramacho, em Duque de Caxias, uma grande aglomeração foi flagrada pela equipe do DIA. Muitas pessoas ficaram debaixo de chuva esperando que o problema fosse solucionado. A doméstica Tereza de Fátima, de 49 anos, ficou indignada e disse que todo dia acontece um problema que impede as pessoas de chegarem aos seus trabalhos.
"A SuperVia mandou fechar a estação e a gente teve que ficar do lado de fora esperando. Não tinha como saber o que de verdade estava acontecendo. Ontem cheguei no serviço 10h30, porque o trem também estava ruim. Fui andando de Triagem até São Cristóvão pela linha férrea. O serviço é péssimo todo santo dia, não tem um dia que funcione direito. O patrão não quer saber de nada, ele quer saber é que temos que chegar, mas a SuperVia não dá nenhuma satisfação pra gente. É o que vocês estão vendo aqui, todo mundo trabalhador, na mesma situação", disse Tereza, que completou:
"Todo mundo deveria estar nos seus trabalhos e até agora estamos parados aqui, sem contar as pessoas que foram pra casa, desistiram de esperar. Se fosse igual o Metrô, eu não diria nada, mas o serviço é de péssima qualidade. É trem com goteira, é furto de cabos, é gente caindo na linha do trem, é tiroteio. Todo dia tem um impedimento para a gente chegar no nosso trabalho. Me sinto péssima, minha patroa está me esperando, porque eu tomo conta de criança para ela poder sair para trabalhar e eu estou aqui nessa situação, como muitos. A gente deveria receber uma satisfação, porque a gente paga, não é de graça".
A administradora de empresas Solange Baraúna, de 54 anos, também disse que a situação do transporte é recorrente e reclama da precariedade do serviço prestado pela concessionária.
"Todos os dias essa linha está com problemas e até a atendente falou que novamente isso aconteceu por furto de cabos. Essa linha de Gramacho é a que mais dá problema aqui na Baixada. Hoje é quarta-feira e todos os outros dias sofremos com problemas nos trens. Sem contar que a SuperVia está colocando só trem antigo e sem ar condicionado".
A SuperVia disse que 54 estações foram fechadas às 5h35 e reabriram gradualmente a partir das 8h20. Os ramais Deodoro, Santa Cruz e Japeri não foram afetados. No ramal Saracuruna, houve uma falha no sistema de sinalização. Já o de Belford Roxo foi afetado por furto de cabos.
A suspensão dos dois ramais acabou afetando seis municípios da Baixada: Belford Roxo, Duque de Caxias, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti.
Multa
O Conselho Diretor da Agetransp decidiu aplicar uma multa de R$ 2.271.981,12 à SuperVia por descumprimento da fase 1 do Plano de Investimentos da concessionária no sistema de transporte ferroviário. O projeto foi pactuado entre a operadora e o governo do estado através dos 8º e 9º termos aditivos ao contrato de concessão em 2010. A penalidade foi aplicada em sessão regulatória realizada no dia 29 de março.
Balanço furto de cabos

Entre janeiro e março de 2022 foram registradas 348 ocorrências de furtos de cabos, o que representa um aumento de 133% em relação ao mesmo período de 2021.

"Em todo o ano passado houve 861 ocorrências de furto de cabos de cobre de sinalização, um número 142% maior na comparação com todo o ano de 2020. O gasto com a reposição foi de R$ 1,65 milhão (valor gasto com material)", informou a SuperVia.
Greve de ônibus
Além os problemas nos trens, alguns motoristas de ônibus intermunicipais entraram em greve à 0h desta quarta-feira. Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por exemplo, os coletivos com destino à Barra da Tijuca não estavam rodando. Mas, por volta das 7h30, a circulação foi normalizada e todos os ônibus já voltaram a circular na cidade.
Os rodoviários estavam reivindicando reajuste salarial e benefícios. A greve havia sido convocada pelo Sindicato dos Rodoviários de Nova Iguaçu e região, que representa ainda Mesquita e Nilópolis.
A categoria disse que estão há três anos sem aumento e não aceitou a proposta patronal, de 2% de aumento e mais R$ 20 na cesta básica.

Em nota, o Transônibus, sindicato que representa essas empresas, afirmou que mantém as negociações com os motoristas. "Por decisão em caráter liminar, a Justiça determinou o comparecimento mínimo de 60% dos trabalhadores, sob pena de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento. É oportuno ressaltar que, em busca de diálogo com os rodoviários, foram feitas várias propostas de acordo, todas sem sucesso".