Ato de greve feito por grupos de garis, desta vez na porta da sede da Comlurb, na Tijuca, nesta quarta-feira (06). Fabio Costa

Rio - Desde a semana passada, circulam nas redes sociais vídeos onde garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), em greve há 10 dias, e ativistas da categoria são abordados com truculência por guardas municipais. Em carros da Comlurb, os agentes fazem a escolta dos equipamentos da companhia e dos trabalhadores que não aderiram à greve. Os garis denunciam também que os agentes da Guarda Municipal estão recebendo uma "cota extra" para atuarem como seguranças da Comlurb. 
De acordo com os trabalhadores, pelo menos cinco pessoas já foram levadas encaminhadas à delegacias pelos guardas municipais. Um dos ativistas detidos disse, que em 12 horas, foi levado para 23ª DP (Méier) e 29ª DP (Madureira), nos últimos dias 29 e 28 de março.
"Eles (os guardas) me prenderam dizendo que havia uma ordem de prisão e, na delegacia, fui apenas ouvido na qualidade de envolvido. No dia seguinte, fui novamente detido. Inicialmente com argumento de estar ameaçando, mas como não tinha vítima mudaram a denúncia para crime do código penal por participar de greve em serviço essencial", contou um dos detidos, lembrando que um dos guardas municipais chegou a mandar que o celular que gravava o ato fosse guardado. "A população estava gritando contra a prisão e filmando a prisão", relatou.
Os trabalhadores contam que duas Kombis cedidas pelo sindicato da categoria para serem utilizadas nos piquetes chegaram a ser apreendidas. Ainda de acordo com representantes dos garis, os guardas municipais que estão atuando nesta escolta vão receber R$ 300 pelo serviço.
Sobre os vídeos, a Guarda Municipal informou que eles mostram a condução para delegacia "de pessoas flagradas tentando sabotar os veículos e ameaçando os trabalhadores, em atos criminosos". Ainda de acordo com a Guarda Municipal, não há nenhum tipo de repressão.
"A Guarda Municipal está apoiando a Comlurb na escolta dos caminhões de coleta, para garantir a segurança dos trabalhadores que estão realizando a limpeza urbana na cidade. A escolta é necessária por conta de atos criminosos, como sabotagem dos caminhões e ameaças aos empregados que querem trabalhar.", diz nota da GM. Sobre o pagamento dos agentes, a Guarda Municipal informou que o serviço está sendo feito em caráter extraordinário (cota) para não comprometer as ações de limpeza urbana e nem de ordenamento urbano realizado pela Guarda.
Questionada sobre o valor da cota e quantos agentes vão receber esse pagamento, a GM não se pronunciou.