Amigos e familiares da Kathlen Romeu realizaram protesto em frente ao prédio do Ministério Público do Rio de JaneiroFabio Costa / Agência O Dia

Rio - Familiares e amigos de Kathlen Romeu, 24 anos, protestaram, nesta sexta-feira (8), em frente ao prédio do Ministério Público do Rio, na Avenida Marechal Câmara, no Centro. A jovem estava grávida e foi morta, em junho de 2021, durante operação policial no Complexo do Lins. Depois de dez meses sem respostas, os manifestantes cobraram por justiça no processo que apura o responsável pela morte da vítima. Além disso, Jacklline de Oliveira, mãe da jovem, criticou falas do promotor responsável pelo caso, Alexandre Murilo Graça.
"O Estado matou Kethlen e seu bebê, mas não quer assumir. (...) Repudiamos veemente a fala do promotor de que a Kethlen 'era muito bonita, mas infelizmente acontece'. Que a vida não era justa. Continuou dizendo para eu 'não viver na busca por justiça porque a Patrícia Amieiro foi assassinada há dez anos e, até hoje, não houve justiça'. Ele parecia que estava mais preocupado em proteger os policiais do que a mim. Eu acho que a função dele é de estar ao meu lado", disse Jacklline, lendo a carta escrita em conjunto com a Federação de Favelas do Estado do Rio.
Graça também acumula outras polêmicas. Ele investiga a suposta "rachadinha" no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro e, de acordo com O Globo, foi à festa da advogada do irmão do parlamentar, o senador Flávio Bolsonaro, em janeiro deste ano. Ele teria dito que não há um "impedimento legal" à situação.
Durante a manifestação, os presentes também pintaram a calçada com um líquido vermelho semelhante a sangue, representando a morte da jovem. Kathlen foi baleada, em junho de 2021, durante uma operação policial no Complexo do Lins. Pouco antes de morrer, ela anunciou nas redes sociais que estava grávida de 13 semanas.
O caso gerou grande comoção nas redes sociais e diversos artistas se posicionaram, como as atrizes Taís Araújo e Vitória Rodrigues. Em dezembro, cinco PMs foram denunciados pelo MP por modificarem a cena do crime: o capitão da Polícia Militar Jeanderson Corrêa Sodré, o 3° sargento Rafael Chaves de Oliveira e os cabos Rodrigo Correia de Frias, Cláudio da Silva Scanfela e Marcos da Silva Salviano.
O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Rodrigo Mondego, esteve na manifestação e comentou o processo. "Existe mais do que indícios para esse caso poder ser concluído, porque todas as provas já foram colhidas até o final do ano passado e já existe denúncia da fraude processual."
O Ministério Público do Rio informou que, depois da manifestação, recebeu os familiares da Kathlen. Eles receberam informações atualizadas sobre as investigações, que seguem em curso e sob sigilo. Em nota, o promotor Alexandre Murilo Graça afirmou "compreender o sentimento de dor de uma família que perdeu sua filha durante operação policial". Ele também reafirmou "seu compromisso em elucidar o caso e esclareceu que, para que a denúncia contra os policiais que efetuaram os disparos seja oferecida, é preciso concluir a colheita de todas as provas".