O julgamento de dois filhos da ex-deputada federal Flordelis, de um PM e sua esposa suspeitos de participação no assassinato do pastor Anderson do Carmo ocorre nesta terça-feira, no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do RioMarcos Porto/Agência O Dia

Rio - A delegada Bárbara Lomba, primeira testemunha ouvida no júri de quatro réus pelo homicídio do pastor Anderson do Carmo, nesta terça-feira, no Fórum de Niterói, disse que conversas da ex-deputada federal Flordelis com seus filhos sugeriam um "aval" para o assassinato do religioso. O depoimento da então titular da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) na época do crime, em 2019, começou às 11h15 e durou cerca de2 h30.
Quatro dos nove réus pelo assassinato do pastor e marido de Flordelis, vão a júri popular nesta terça. O filho biológico da ex-deputada, Adriano dos Santos Rodrigues, o filho afetivo Carlos Ubiraci Francisco da Silva, o ex-PM Marcos Siqueira Costa e sua esposa Andrea Santos Maia. André Luiz de Oliveira não será julgado nesta terça-feira porque o advogado dele passou mal. Oliveira é um dos filhos afetivos de Flordelis e acusado de envolvimento na morte do pastor. 
"As comunicações eram sempre na sutileza. É como se as pessoas fossem tomar a iniciativa, mas já de uma forma preordenada, como se elas fossem indicadas afazer isso. Pode não ter havido um mando direto, mas havia um aval. As pessoas envolvidas eram justamente as pessoas que poderiam ser manipuladas", disse Bárbara.
A delegada também falou sobre a relação entre Flordelis e Anderson. Segundo ela, o pastor era carinhoso com a deputada federal, mas comandava todas as decisões dela. "Tudo que encontramos do ponto de vista era um tratamento de reverência e proteção. Ao mesmo tempo, algumas pessoas diziam que era um domínio completo da vida da Flordelis. Tratava carinhosamente, mas dominando tudo, não deixando que ela decidisse nada", lembrou.
Bárbara também falou sobre o início da investigação, que envolveu dois já condenados pelo crime, em novembro de 2021, Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza. "Na carta, Lucas dizia que Flordelis não teria sido a mandante do crime, mas sim Mizael. Com a notícia dessa carta, uma cópia aparece na delegacia, ficamos sabendo que Lucas estava no Presídio Bandeira Stampa, em que ficam presos milicianos, egressos da PM. (...) Acarta não revelava nada. O conteúdo era vago e incriminava Mizael sem detalhamento, apenas afirmava que este era o mandante”, detalhou a delegada.
Lucas foi condenado por comprar a arma do crime e Flávio por executar os disparos que mataram Anderson do Carmo. No interrogatório, a delegada disse ainda que o dinheiro para a compra da arma utilizada no crime veio de Flordelis.