Ernesto Marinho, Presidente do Bloco Carnavalesco Cordão do Bola PretaMarcos Porto/Agencia O Dia

Rio - O presidente do Cordão da Bola Preta, Pedro Ernesto Marinho, criticou a escolha da Prefeitura do Rio em entregar a chave da cidade do Rio, na última quarta-feira (20), ao Rei Momo. Segundo ele, os responsáveis por montar o cerimonial não consideraram o peso que o bloco mais antigo do Rio tem para este período festivo.
"A entrega da chave da cidade ao Rei Momo sem a presença do Cordão da Bola Preta, com os seus 103 anos de história de Carnaval carioca, é uma piada de mal gosto. Os organizadores dessa cerimônia tem que ser mais cuidadosos e respeitar a história de quem pode chegar onde chegou", disse Pedro. 
Fundado em 1918, o Cordão do Bola Preta é conhecido como o quartel general do Carnaval que arrasta milhares de pessoas às ruas do Rio. No último Carnaval, em 2020, foram mais de 600 mil foliões desfilando no Centro do Rio.
Para o presidente do bloco, a relação com a prefeitura da cidade já foi melhor. "Participamos durante vários anos desta cerimônia, mas há 15 não somos mais chamados. Para se ter noção do nosso tamanho, quando a primeira escola de samba, a Portela, foi fundada, o Cordão da Bola Preta já existia há 5 anos".
O presidente também comentou sobre a ausência do desfile do bloco no Carnaval 2022. "Um bloco pequeno, de menor público, não tem maiores problemas para sair, mas o Bola Preta não tinha como desfilar sem postos médicos, sem ambulância UTI. Sem falar que esse ano não teve o preparo antecipado", diz.
Entrega da chave da cidade
Coroado Rei Momo pela quinta vez, Wilson Dias da Costa Neto foi quem recebeu a chave das mãos do prefeito. A passagem simbólica aconteceu no Palácio da Cidade, em Botafogo, Zona Sul, e foi feita pelo prefeito Eduardo Paes, com direito a banda da Guarda Municipal e bateria da escola São Clemente.
O rito não acontecia dessa forma desde 2016, ano em que Marcelo Crivella foi eleito à Prefeitura do Rio. Durante o seu mandato, o ex-prefeito se recusou a fazer a entrega da chave e delegou a função a secretários ou membros da Riotur. Já nos últimos dois anos, a cerimônia não aconteceu devido à pandemia de covid-19, que provocou o cancelamento da folia no município.
No ano passado, o prefeito Eduardo Paes inverteu a tradição ao receber a chave do Rei Momo e entregá-la para a técnica de enfermagem Joelma Andrade e para a enfermeira Adélia Maria dos Santos, servidoras da rede de saúde do município. Naquele momento, a cidade enfrentava a segunda onda de covid-19, provocada pela variante Delta. A alta nos casos forçou o cancelamento do Carnaval pelo segundo ano consecutivo.
Questionada sobre a ausência do tradicional bloco no rito, a Prefeitura do Rio ainda não se pronunciou.