Rio - Nos últimos seis anos, a Baixada Fluminense concentrou 7.704 tiroteios de arma de fogo, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Deste número, 21% dos tiroteios ocorreram durante ações ou operações policiais.
Neste período, a região, que abriga 13 municípios, teve 3.685 baleados. Destes, 2.315 morreram e 1.370 ficaram feridos. Entre os mortos, 344 foram vítimas das 91 chacinas ocorridas na Baixada. 58 das chacinas ocorreram durante ações ou operações policiais.
"A Baixada Fluminense é uma região de concentração de desigualdades, mantidas através da alta repressão policial e poucas políticas sociais de fato desenhadas para melhorar o dia a dia dos moradores. Essa situação se reflete no trágico número de chacinas na região", explica Maria Isabel Couto, diretora de programas do Instituto Fogo Cruzado.
A violência na região tem o 31 de março de 2005 como a data mais triste. Neste dia, ocorreu a Chacina da Baixada, quando 29 pessoas foram mortas por policiais armados à paisana que percorriam de carro as cidades de Nova Iguaçu e Queimados e atiravam contra as pessoas que cruzavam o caminho. Essa chacina foi o caso com o maior número de vítimas da história do Rio de Janeiro. O motivo era a insatisfação com a linha-dura imposta nos batalhões, que teve seu estopim na troca do comando.
Ainda de acordo com o Instituto, os riscos também são altos entre crianças, adolescentes e iodos. Casos como o das primas Emily Victória Silva dos Santos, de 4 anos, e Rebecca Beatriz Rodrigues dos Santos, de 7 anos, que morreram vítimas de bala perdida quando brincavam na porta de casa perto das mães em Duque de Caxias, não foram exceções na região. Ao todo, 32 crianças, 73 adolescentes e 42 idosos foram vítimas da violência armada na Baixada Fluminense. Emily e Rebecca também são parte das 126 vítimas de balas perdidas na Baixada Fluminense. Ao todo, entre essas vítimas, 39 morreram e 87 ficaram feridas.
O alto número de vítimas pode ser percebido também em cargos políticos. Dos 57 políticos baleados na Região Metropolitana do Rio nos últimos seis anos, 74% deles foram atingidos na Baixada Fluminense, deixando 35 mortos e sete feridos.
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