Kathlen Romeu estava grávida de 14 semanas quando foi baleada no Complexo do LinsReprodução Internet
Kathlen Romeu foi morta no dia 8 de junho de 2021, atingida por um tiro de fuzil em uma ação policial no Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio. Conforme o Fogo Cruzado, ela não foi exceção: três gestantes foram baleadas entre 2020 e 2022 no Grande Rio, média de uma baleada a cada nove meses.
Para a diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira, a política de segurança pública do Rio de Janeiro é ineficaz e desastrosa. “É lastimável que gestantes e seus filhos também sejam alvos da violência armada. Quantas vezes precisaremos afirmar e reafirmar que esses casos não são exceções?, diz Cecília.
“A família sofre com a perda de um ente querido e sofre também por nunca ver a justiça sendo feita. Isso alimenta a sensação de insegurança, e, claro, de injustiça. É como se a vida que se foi não importasse. A dor não passa. O ciclo não fecha”, completa.
No ano passado houve uma morte de gestante no Grande Rio, a de Kathlen. Em 2020, duas grávidas foram baleadas e felizmente sobreviveram. Já em 2019 foram registradas quatro gestantes baleadas no Grande Rio, sendo três mortas e uma ferida. Uma dessas vítimas foi Tainá Souza do Nascimento, de 23 anos, grávida de seis meses. Ela e seu companheiro foram assassinados dentro de casa, na comunidade do Beira Mar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A jovem deixou três filhos.
Órfãos do feminicídio
De acordo com o Fogo Cruzado, se nas ruas as mulheres são alvos da violência cotidiana, em casa podem se tornar alvos de seus companheiros. A Região Metropolitana do Rio teve seis mulheres mortas por arma de fogo de janeiro a abril deste ano. Ao longo de 2021, outras 11 mulheres foram mortas por feminicídio e cinco ficaram feridas em tentativas de feminicídio.
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