Uniforme da Marinha do Brasil foi encontrado no local, que era administrado por sargentoMarcos Porto

 Rio - Fardas de fuzileiros navais foram encontradas na manhã desta terça-feira (17) durante uma ação de limpeza no ferro-velho que pertence aos envolvidos na morte do papiloscopista da Polícia Civil, Renato Couto de Mendonça, de 41 anos, na Praça da Bandeira, na Zona Norte do Rio. O local, que fica na Avenida Oswaldo Aranha, entre o prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e a Escola Nacional do Circo, era administrado pelo sargento da Marinha do Brasil, Bruno Santos de Lima, e seu pai, Lourival Ferreira de Lima. Ambos foram presos e indiciados por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

A ação da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) conta com o apoio da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e da 18ª DP (Praça da Bandeira). No local, foram encontrados ainda diversas caixas de som, ventiladores, aspiradores de pó, calotas de pneus de carros, botijão de gás, diversas cadeiras e mesas, e até mesmo estátuas de santos católicos. Os agentes ainda retiraram do espaço uma kombi branca e um caminhão cinza. A suspeita é de que o segundo automóvel seja da Marinha, já que é parecido com os utilizados pela instituição.

De acordo com o secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, o ferro-velho clandestino foi alvo de uma fiscalização em 25 de janeiro deste ano e, na ocasião, foram apreendidos materiais da Comlurb. À época, Bruno e Lourival chegaram a ser conduzidos para a delegacia, para a apuração de crimes de furto e receptação. Entretanto, o local não foi demolido, já que, segundo o titular da Seop, o espaço seria ligado à SuperVia e a administração municipal não poderia interferir em terrenos de outros órgãos. Após a ação de hoje, será agendada a demolição. 

"Esse terreno, especificamente, existe uma discussão já envolvendo ele. Aparentemente é um terreno que tem relação com a SuperVia, então a prefeitura já está se mobilizando desde aquela época, em janeiro, para que a gente possa fazer uma limpeza integral do terreno, com a posterior demolição do que, porventura, seja alçada do município intervir, tendo em vista que a prefeitura também não pode entrar em um terreno que seja da SuperVia ou de outro órgão qualquer, para fazer qualquer tipo de diligência, sem que haja prévia autorização", explicou Carnevale, que ressaltou a importância de manter os ferro-velhos clandestinos fechados.

"O trabalho da prefeitura de fiscalização é feito com a apreensão dos materiais encontrados ilegais e com a constatação de autorização para funcionamento. Então, quando se encontram em áreas públicas, nós encerramos as atividades e mantemos uma fiscalização, para que essas atividades não retornem ao acontecimento. Obviamente, é um desafio a gente manter todos os ferros-velhos sob vigilância ininterrupta, mas a importância da gente fazer esse trabalho diariamente é justamente para, primeiro, interromper o ciclo do furto desses produtos que acabam sendo subtraídos e prejudicando a cidade e, além disso, para identificar os responsáveis e os atores dessas ilegalidades."
Em nota, a Marinha do Brasil informou que o veículo encontrado no ferro velho "não pertence nem nunca
pertenceu a esta Instituição". A nota diz também que todo o material encontrado que possa ter ligação com atos criminosos foi apreendido pela Polícia Civil e entregue para ser analisado pelo inquérito instaurado pelo Comando do 1º Distrito Naval. Confira a íntegra abaixo. 

Nesta segunda-feira (16), o irmão de Bruno foi flagrado no local, que estava interditado, tentando retirar peças. Ele foi conduzido para a 18ª DP, onde prestou esclarecimentos. À princípio, não há envolvimento dele na morte do policial civil. O homem, que não teve a identificação divulgada, já tem uma anotação criminal por receptação. Além do militar e do pai, também foram presos pelo crime o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares.

Nota da Marinha do Brasil 
"A Marinha do Brasil (MB) esclarece que o veículo encontrado no ferro velho localizado na
região da Mangueira, no Rio de Janeiro, um caminhão na cor cinza, não pertence nem nunca
pertenceu a esta Instituição. A MB reitera que todo o material encontrado no referido ferro velho, que possa ter ligação com eventuais atos criminosos, foi apreendido pela Polícia Civil e entregue a esta Força e será
analisado no âmbito do Inquérito Policial Militar, instaurado pelo Comando do 1º Distrito Naval."