Alexandre Chieppe, secretário estadual de SaúdeMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou, nesta sexta-feira (20), que segue investigando quatro possíveis casos de hepatite aguda grave em crianças no Rio. No início de maio, a pasta registrou seis suspeitas, mas duas já foram descartadas. Até o momento, não há nenhum registro confirmado no estado. A situação está sendo monitorada pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs).
Os casos que ainda estão sendo investigados são: dois no município do Rio, sendo uma criança de quatro anos e um bebê de dois meses; uma criança de três anos em Niterói, na Região Metropolitana, e uma criança de dois anos em Araruama, na Região dos Lagos. O caso do bebê que morreu em Maricá foi descartado.
"Esses quatro casos estão sendo tratados pela vigilância epidemiológica como casos prováveis de hepatite aguda de causa desconhecida. Nenhum deles teve a investigação finalizada, o que é feito pelas secretarias municipais com apoio da Secretaria de Estado de Saúde. Em seguida, essa investigação precisa ter sua conclusão confirmada pelo Ministério da Saúde", afirma o secretário de estado de Saúde, Alexandre Chieppe.
Desses, três já receberam alta, sendo que o paciente de 4 anos do Rio precisou passar por um transplante.
"Os primeiros sintomas dessa criança foram vômitos, dor abdominal e diarreia. Logo depois, ela ficou com a pele amarelinha e foi internada em um hospital, onde foi iniciado o tratamento contra a hepatite. Mas ela foi piorando gradativamente, começou a apresentar problemas de coagulação e foi transferida para o Hospital Estadual da Criança com diagnóstico de hepatite fulminante, a fim de que se desse prosseguimento à investigação para necessidade de transplante de fígado", contou o médico Giuseppe Maria Santalucia, um dos que acompanham o pequeno paciente.
Devido à urgência do caso, a criança foi inserida como prioridade na listagem do Programa Estadual de Transplantes e foi transplantada cerca de 24 horas após a internação no HEC. Ela já recebeu alta e retornou às atividades normais, como frequentar a escola. "Felizmente, conseguimos um fígado compatível rapidamente. O transplante ocorreu no momento certo, antes que a criança começasse a ter lesões graves", completou Santalucia.

O caso foi notificado à SES para investigação porque não foi detectado nos exames realizados na criança qualquer vírus conhecido que provoca hepatite. O paciente também não havia recebido medicamentos antes do início dos sintomas, o que destacaria hepatite por uso de substâncias tóxicas, como remédios que sobrecarregam o fígado. Além disso, foi detectado o adenovirus, encontrado também em alguns pacientes com hepatite aguda grave de causa desconhecida em outros países. O HEC esclarece que não houve aumento de transplante hepático pediátrico.
No início de maio, a SES emitiu um alerta aos 92 municípios do estado para orientar as secretarias sobre a notificação correta dos casos, possibilitando a monitoração. Em abril, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta mundial sobre casos de hepatite aguda grave no Reino Unido, sendo desconhecido o agente causador da doença. 
O Ministério da Saúde encaminhou, no dia 24 de maio, um comunicado de risco aos estados, alertando os serviços de saúde para se atentarem com relação a casos de hepatite aguda grave em que o paciente apresenta transaminases (enzimas intracelulares) acentuadamente elevadas, às vezes precedidas por sintomas gastrointestinais. 
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter diversas causas, sendo as mais comuns as infecções pelos vírus tipo A, B e C, além do consumo abusivo de álcool ou outras substâncias tóxicas como medicamentos e drogas.