Rodoviários do Rio entraram em greve em março passado e paralisação causou transtornosReprodução TV Globo

Rio - O Sindicato dos Rodoviários do Rio pediu, nesta sexta-feira (20), por meio de petição, ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ) que seja designada nova audiência para julgamento do dissídio da categoria. Os trabalhadores do setor estão sem reajuste há três anos. De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José da Silva, nesta quinta-feira (19), pela segunda vez, o TRT/RJ suspendeu a audiência sobre o conflito coletivo.

"Ficou mais do que evidente diante da postura do TRT, que não colocou na pauta de ontem (quinta-feira) o julgamento do dissídio da categoria e nem a greve, que havia uma conexão entre o aumento dos trabalhadores e a discussão entre prefeitura e as empresas de ônibus, realizada na justiça civil, sobre o aumento da tarifa", avaliou Silva.

Nesta quinta-feira (19), após várias rodadas de negociações, entre integrantes do Rio Ônibus, que representa os empresários, e a Prefeitura do Rio, foram acertadas medidas durante audiência realizada na 8ª Vara de Fazenda Pública. Na ocasião, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) obteve um acordo parcial na ação de caducidade da concessão do transporte coletivo, firmado com o município do Rio e as empresas de ônibus.

Com o pacto, o transporte público do município deverá passar por mudanças em um prazo de seis meses. Entre os principais pontos, estão a retomada do serviço de BRT pelo município, extinguindo parcialmente o contrato de concessão referente a essa operação; a renúncia pelos consórcios de participação das licitações relativas ao serviço de bilhetagem eletrônica enquanto operadores do sistema; mudanças no critério de remuneração do serviço e a antecipação do encerramento do contrato de concessão.

"Foi a segunda vez que o TRT suspendeu nossa audiência; o que deixou claro que a situação do sindicato só seria resolvida após a definição do aumento da tarifa, provando que uma coisa estava dependendo da outra. Agora o tribunal precisa julgar a greve da categoria, para sabermos o rumo que iremos tomar, pois continuamos em estado de greve ", disse Silva.

Conforme o presidente do sindicato, os trabalhadores estão há três anos sem reajuste de salários, cesta básica e demais benefícios. Ainda segundo Sebastião, a categoria está inconformada com "a falta de sensibilidade e de consciência por parte dos empresários e da própria prefeitura".
Ainda segundo o sindicalista, o pedido da categoria não é ilegal, pois os trabalhadores têm direito ao reajuste: "Sabemos da insatisfação de todos, mas não podemos contribuir para que a população pague por uma conta que não é dela e nem nossa" explicou.

Na petição enviada ao TRT-RJ, o pedido da nova audiência é justificado: "De acordo com o divulgado, o impasse sobre a possibilidade de reajuste tarifário foi superado, a despeito do sindicato profissional sempre ter exposto o seu entendimento que o reajuste salarial dos rodoviários não pode depender das tratativas entre patrões e município, agora não há mais razão para que não seja feita a recomposição das perdas salariais dos trabalhadores", informou trecho do documento.


O TRT/RJ informou que recebeu a petição e a presidência do órgão analisará o pedido. Procurados pelo DIA, o Rio Ônibus e a prefeitura não se manifestaram até o momento.
Relembre o caso
Sem acordo com as empresas de ônibus, o os rodoviários entraram em greve no dia 29 de março. A categoria já pedia melhores condições de trabalho e reajuste salarial. Com isso, a paralisação dos transportes, incluindo BRTs, começou a partir de zero hora daquele dia. Cerca de 450 motoristas e cobradores apoiaram a decisão.
Dessa maneira, os ônibus regulares circularam com cerca de 60% da sua frota, mas o movimento paralisou a circulação nos corredores do BRT. Presidente do TRT, a desembargadora Edith Maria Correa Tourinho concedeu uma liminar ao RioÔnibus declarando que a greve era ilegal, sob pena de multa diária no valor de R$ 200 mil.