Clailton Jorge Pereira da Costa morreu com um tiro na cabeçaReprodução

Rio - A Polícia Civil do Rio abriu uma nova investigação sobre a morte de Clailton Jorge Pereira da Costa, de 40 anos, em 28 de janeiro, em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. A informação é do advogado da família, José Dimas Marcondes. A defesa do pedreiro, porém, informou que vai pedir que o comando das investigações da Polícia Civil saia das mãos da 16ª DP (Barra da Tijuca), onde o caso foi registrado. 
Clailton foi atingido com um tiro na cabeça, após ser acusado pelos vigilantes do condomínio de ter roubado materiais de construção. Na ocasião, ele foi preso em flagrante, mas como estava ferido, foi encaminhado para uma unidade de saúde e não resistiu.
A síndica do condomínio deve ser ouvida na 16ª DP nesta terça-feira (24). De acordo com o advogado, a defesa vai pedir a prisão dos envolvidos. Os autores de cinco disparos contra o carro de Costa são dois vigilantes do condomínio. Na ocasião, na distrital, o caso foi registrado pelos seguranças como tentativa de roubo.
"Infelizmente, apesar do ilmo (ilustríssimo) delegado alegara abertura do inquérito para investigar o processo, o que se vê é uma série de ações que nada contribuem para elucidação dos fatos. O ilmo delegado requereu nova oitiva dos autores do disparo. Indaga-se: qual o objetivo? Que eles mude mas versões apresentadas? O Ilmo. delegado requereu a oitiva da síndica do condomínio. Mais uma vez: qual o objetivo? Ela era testemunha ocular do fato?", avaliou Marcondes.
Ainda conforme o advogado, até esta segunda-feira (23), a Polícia Civil não havia solicitado as imagens das câmeras de segurança do momento da abordagem e dos disparos.
"Até a presente data, não temos uma medida contra a decisão da empresa de segurança em ocultar dolosamente essa prova fundamental, contrariando determinação policial e praticando o delito tipificado no artigo 305 do Código Penal. Também não temos o pedido de prisão quer preventiva, quer temporária dos autores do disparo. Por todo o alegado, a defesa irá requerer que seja substituído o comando das investigações", adiantou o advogado.
Jogo de empurra
Segundo a Polícia Civil, a Justiça não determinou a apuração da morte e extinguiu a punibilidade de Clailton, por conta de sua morte. Entretanto, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) informou que toma decisões de acordo com as alegações apresentadas no relato da polícia e manifestação do Ministério Público do Rio (MPRJ). "Se houve pedido de arquivamento, veio fundamentado no pedido da polícia e manifestação do MP”, disse o órgão em nota.

Já o MPRJ confirmou que o processo foi encerrado na 31ª Vara Criminal após a morte do pedreiro, porque foi instaurado para apurar o flagrante de furto que teria sido cometido por Clailton. Mas, esclareceu que para as investigações da morte do homem, deve ser aberto um novo processo. Além disso, se tratando de uma morte violenta, a abertura é obrigatória e deve ser realizada pela polícia.
Relembre o caso

O caso aconteceu no dia 28 de janeiro, quando o pedreiro voltava para casa, por volta das 5h. Os vigilantes teriam disparado cinco vezes contra o carro de Clailton. Um dos disparos atingiu a cabeça do homem, que foi socorrido e internado em coma induzido durante 11 dias no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiu aos ferimentos. A vítima deixou esposa e oito filhos.

As investigações da 16ª DP (Barra da Tijuca) concluíram que o pedreiro "teria cometido furto de materiais de obras das residências localizadas no condomínio. Ele teria jogado o carro para cima dos seguranças, que revidaram, em legítima defesa. O homem foi preso em flagrante e levado para uma unidade de saúde, mas acabou não resistindo."