Presidente do STF, ministro Luiz Fuxdivulgação

Rio - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, disse nesta quarta-feira (25) que a Polícia Militar do Rio deve satisfações sobre a imputação de culpa ao órgão quanto à responsabilidade pela tragédia ocorrida durante a operação na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio. Durante a megaoperação, 23 pessoas morreram.

"A Polícia Militar deve satisfações, e estou aguardando essas satisfações", afirmou Fux. No início da sessão plenária desta quinta-feira (26), o ministro Gilmar Mendes manifestou preocupação com a violência policial no Rio e com o fato das autoridades terem culpado o STF pelo resultado da ação policial.

Para o ministro, o problema é estrutural. "É preciso que as coisas sejam ditas com muita clareza e que sejam vistas com uma perspectiva isenta", declarou e continuou: "No momento tenso que vivemos, devemos contribuir para a superação das crises, e não para apontar culpados ou bodes expiatórios".

Mendes acrescentou que é de conhecimento público que, se o Estado do Rio de Janeiro hoje "goza de alguma saúde financeira", isso se deveu à parceria que se estabeleceu com o STF. "Do contrário, certamente, teria colapsado, inclusive em termos financeiros", disse.

O ministro Edson Fachin, relator da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 635), na qual foram limitadas as operações policiais nas comunidades do estado durante a pandemia da covid-19, endossou as palavras do decano e afirmou que, desde quarta(25), a situação no Rio de Janeiro e a imputação de culpa à Corte são objetos de preocupação do presidente Luiz Fux e de todo o Supremo. "Este Tribunal está entre as instituições que procuram soluções, e não apenas imputar responsabilidades", disse Fachin.

Procurada pelo DIA, a Polícia Militar ainda não se manifestou sobre o assunto. Após a ação na Vila Cruzeiro, a Polícia Militar do Rio culpou o Supremo Tribunal Federal (STF) pela migração de criminosos ao estado.

"A gente começou a reparar essa movimentação, essa tendência deles de migração para o Rio de Janeiro, a partir da decisão do STF (que limitou operações policiais em favelas durante a pandemia de Covid-19)", disse em entrevista o secretário da corporação, coronel Luiz Henrique Marinho Pires.

Na ocasião, Pires disse que essa migração vem se acentuando nos últimos meses. "Esse esconderijo deles nas nossas comunidades é fruto basicamente dessa decisão do STF. É o que a gente entende, a gente está estudando isso, mas provavelmente deve ser fruto dessa decisão do STF", acusou o secretário.