Moradores reclamam da falta de circulação do ônibus da linha 014Divulgação

Rio - Moradores do bairro de Santa Teresa realizaram, na manhã deste sábado (28), um protesto contra a falta de transporte no ramal Paula Mattos, que compreende o trajeto do Largo do Guimarães até a Rua Paula Mattos. Os manifestantes, concentrados no Largo das Neves, pedem a normalização da circulação do ônibus 014 e a volta do bondinho ao ramal.
Cristovão Barcellos, diretor do coletivo de moradores do Largo das Neves (Moreno), compareceu na manifestação e presenciou, como diariamente, a falta dos ônibus que deveriam circular na região.
"Estamos na manifestação no Largo das Neves pela volta do bonde e pela volta do ônibus. Estamos há três horas parados no Largo das Neves e não tem ônibus passando. Aqui, temos a linha 014 que serve para o que chamamos de ramal Paula Mattos. Ele chega quase ao Catumbi. São 12 mil pessoas que moram nesse ramal e que estão sem ônibus", informou.
O presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa e Amigos de Santa Teresa (Amast), Paulo Saad, também esteve no protesto e comentou os problemas sofridos pelos moradores com as chamadas "linhas fantasmas".
"Não existem as linhas 014 e 006. Linhas aprovadas e que deixa os moradores a pé no ponto, sobretudo no meio do dia e a partir das 20h. Eles funcionam de manhã, no dias de semanas, mas param no meio do dia e só retomam no final da tarde para pegar o 'rush'. Isso é uma covardia que a Transurb faz com os moradores. O ônibus 014 e 006 são dois fantasmas do bairro. Queremos uma prioridade para tirar do zero a nossa possibilidade de se locomover em Santa Teresa e de Santa Teresa para o Centro", afirmou.
Para diminuir o tempo de espera nos pontos, os moradores criaram um grupo na internet para acompanhar o trajeto do ônibus da linha 014. Dessa maneira, sabem o momento de sair de casa para não ficar tantos minutos, ou horas, esperando pelo coletivo.
Transporte mais famoso de Santa Teresa, o bondinho também não consegue atender as necessidades da população. Há mais de dez anos que ele não chega ao Largo das Neves, mesmo com uma sentença definida em última instância no ano de 2011 que determina, ao Estado do Rio, a recuperação total do sistema no bairro.
"O bonde chegou ao Largo do Guimarães e serve a uma parte de Santa Teresa, mas tem uma outra parte que está abandonada. A gente só precisa de 1 km, mais ou menos, de trilho renovado e a adaptação dos bondes, que já existem, para chegar até aqui. O comércio está prejudicado, os trabalhadores estão prejudicados, o turista quer chegar aqui e não consegue", disse Cristovão.
Paulo Saad também lembrou que, para os não moradores de Santa Teresa, o preço cobrado pela passagem do bondinho não é viável. Além disso, a espera entre as saídas de cada transporte é mais demorada do que o possível para ser utilizado como um transporte público coletivo.
"O que fizeram até o Morro Dois Irmãos foi um serviço de conserto, porém uma ação provisória, limitada, com 20 minutos de intervalo para cada viagem, o que é um absurdo. É um transporte coletivo público, mas se trata, então, de um transporte eventual. Com a tarifa de 20 reais para quem não mora no bairro, todos os amigos, parentes e visitantes de Santa Teresa não pegam o bonde", reclamou.

A Secretaria Estadual de Transportes afirmou que "a direção da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central) está negociando o retorno das obras de revitalização do sistema de bondes de Santa Teresa". Com isso, a "expectativa é de que as intervenções sejam retomadas no segundo semestre de 2022 e a volta da linha no ramal de Paula Matos é prioridade da Central".
 
Em relação a falta de ônibus, a Prefeitura do Rio informou que, no último dia 20, firmou um acordo com os consórcios de coletivos e o Ministério Público Estadual "para possibilitar melhorias do transporte na cidade, o que inclui os serviços em Santa Teresa". O objetivo é retomar linhas inoperantes, manter o preço atual da passagem e aumentar a frota que circula na cidade.
 
Além disso, ressaltou que que a linha 014 é fiscalizada pelo Sistema de Aplicação Automática de Multas, que monitora os ônibus por GPS, e o consórcio responsável tem sido autuado por não operar de acordo com a frota determinada.
 
Procurada, a Transurb ainda não se manifestou sobre a situação.