Geral - Testagem e vacinaçao com o aumento de casos de Covid-19 na cidade do Rio de Janeiro. Na foto, Policlinica Helio Pellegrino, na Praça da Bandeira, zona norte do Rio.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

 Rio - Com o aumento contínuo nos casos confirmados no Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde precisou reverter 40 leitos para atender pacientes de covid-19 no Hospital Dr. Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Na segunda-feira (6), foram abertos dez para internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no último sábado (4), 30 para enfermaria.
Na tarde desta quarta-feira (8), as unidades de saúde da rede estadual tinham ocupação de 90,24% dos leitos de UTI e 55,81% de enfermaria. No total, são 61 pacientes em leitos para a doença. O painel estadual mostra ainda que foram notificadas 100 internações na última semana, das quais 52 ocorreram nas Regiões Metropolitana I e II, que incluem a capital, os municípios da Baixada Fluminense e as cidades como Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí.

De acordo com o painel da Prefeitura do Rio, há 102 pacientes internados e outras 12 pessoas na fila de espera na rede pública da cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os leitos da doença estão concentrados no Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Existem ainda oito internados com covid-19 nas seis unidades federais fluminenses.
A SMS afirmou que todos os leitos municipais voltados para o novo coronavírus foram convertidos para o tratamento de outras especialidades e que nenhum leito foi fechado, mas destinados às demais demandas de saúde da população. A pasta também disse que "segue monitorando a situação epidemiológica na cidade" e que "todas as medidas passam pela análise criteriosa dos dados epidemiológicos e, caso seja necessário, estes leitos poderão novamente ser usados para o cuidado dos pacientes da doença".

Em 1º de junho, a Secretaria enviou ofício ao Ministério da Saúde (MS) e à SES solicitando a abertura de leitos bloqueados para tratamento de pacientes da doença nas unidades federais e estaduais. De acordo com o Censo Hospitalar da pasta, há 630 leitos para a doença na capital fluminense. Destes, 266 estão impedidos; 263 ocupados e 101 livres. Segundo a SES, a rede estadual atua com um plano de contingência que prevê a ativação de níveis a partir de determinados cenários epidemiológicos.
"Com base nesse plano, em cada nível de ativação, são definidas as medidas de enfrentamento que serão tomadas. Havendo necessidade de ampliação de leitos, a Secretaria conta com um cronograma escalonado para reversão dos leitos de Covid-19, que com a redução na transmissão da doença, foram revertidos para atender casos clínicos", afirmou a SES.

Já o Ministério da Saúde informou que a oferta de leitos ocorre de acordo com a necessidade das plataformas de regulação. A pasta também disse que desde o início da pandemia, acompanha diariamente os casos suspeitos e confirmados nos hospitais federais, bem como o cenário da doença no estado.
Grande Rio
Em São Gonçalo, atualmente, há três pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da cidade e não há pessoas em leitos de enfermaria destinados à covid-19. A taxa de ocupação é de 11% e 0%, respectivamente. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os casos confirmados aumentaram no mês de maio e na primeira semana de junho com a taxa de positividade em 15%. No mês de abril era de 2%. Entretanto, a pasta informou que não há necessidade de abertura de novos leitos.
No município de Niterói, o crescimento de casos passou a ser registrado no mês de abril, entretanto, não tem sido notado agravamento que resultem em internação ou óbito. Neste momento, na rede pública municipal de saúde, há um adulto internado em leito de enfermaria. O último óbito registrado na cidade foi no mês de março.
Já em Maricá, há 12 leitos exclusivos para tratamento do novo coronavírus, mas apenas três pacientes estão internados atualmente, sendo dois em leitos de enfermaria, não graves, e um no CTI. Segundo a Secretaria Muncipal de Saúde, com base número de casos e taxa de ocupação atual, em 25%, não há necessidade de ampliação de leitos no momento.
Em Itaboraí, a taxa de ocupação de leitos de enfermaria está 40% e não há internações em CTI. A Comissão de Acompanhamento de Indicadores da covid-19 muncipal segue monitorando a situação epidemiológica da cidade. Em abril, a taxa de positividade dos testes era de 1,2% e, em maio, passou para 12,3%. O município ampliou para 21 o número de polos de testagem. Os testes podem ser realizados de segunda a sexta-feira, de 13h às 16h30. A vacinação contra a doença acontece em 34 polos, 9h às 16h. 
Em Nilópolis, não há pacientes internados na rede pública de saúde desde o dia 6 de junho e por isso, a prefeitura não houve necessidade de abertura de novos leitos. Segundo a SMS, até a semana passada, havia duas pessoas mantidas por precaução na UPA Juscelino Kubitscheck. Ambos eram pacientes com mais de 70 anos que não fizeram uso de respiradores. Na rede privada, duas pessoas também estavam hospitalizadas por prevenção.A Secretaria Municipal de Saúde tem realizado a média de 70 testes para detecção da covid-19 por dia, com média de 14 pessoas positivadas, com sintomas de síndrome gripal.
Duque de Caxias também não tem pacientes internados na rede municipal. A taxa de positividade dos casos na última semana ficou em 13,40%. Segundo a Secretaria de Saúde do município, não há previsão para abetura de leitos de covid-19, no momento, por conta da baixa demanda de internação. ]
Em Belford Roxo, as unidades de emergência não registram nenhum caso de internação. A Prefeitura de Belford Roxo informou que os casos estão em queda no município, por conta da"campanha maciça sobre a importância da vacinação (primeira, segunda, terceira e quarta dose) em idosos, pessoas com comorbidades, crianças e toda a população". A vacina está sendo aplicada em todas as unidades de saúde municipais. A cidade já realizou, até o momento,mais de 120 mil testes rápidos em 59 postos.
Procura por testes e vacinas lota postos no Rio
O aumento de casos de pessoas com sintomas de síndrome gripal provocou uma corrida aos postos da cidade do Rio. A reportagem do DIA percorreu os unidades municipais nesta quarta-feira (8) onde encontrou filas de cariocas buscando saber se haviam contraído a covid-19 e que queriam atualizar a situação vacinal. No Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca, houve grande movimentação na procura pelos testes. Na Policlínica Hélio Pellegrino, na Praça da Bandeira, filas se formaram em busca de testes e imunizantes contra a doença e a gripe. A professora da UFRJ, Cláudia Millas, de 36 anos, teve sintomas do novo coronavírus e chegou a testar positivo há cerca de oito dias. Hoje, ela esteve na Policlínica para refazer o exame e poder voltar ao trabalho.
"Eu já estou com sintomas há oito dias e já testei positivo, eu vim para tentar testar negativo para poder voltar a trabalhar. Mas, deu positivo de novo e eu ainda não posso retornar, eu ainda estou com a possibilidade de transmissão do vírus. Apesar de eu já estar bem, eu estou aguardando para não ficar causando uma transmissão para as pessoas. Eu sou professora, trabalho com as pessoas ali em sala de aula, não dá para expô-los. Eu não ficava doente há muito tempo, para mim foi uma baqueada de uma gripe forte, mas não precisei de internação."
"Eu estava desde sábado com uma gripe, mas foi ficando mais forte, comecei a ficar com calafrios e decidi fazer o teste para tirar a dúvida. Começou com aquela gripe fraca, que a gente acha que não é nada, só uma alergia, cheguei até a tomar antialérgico. Eu já tomei as doses de reforço e a vacina da gripe, mas tem as outras pessoas, as pessoas do trabalho. Eu achei inacreditável, achei que a gente já estava tão na frente. Por isso, tem que tomar a vacina, para não ter uma covid muito forte", declarou a funcionária pública Rosângela Telles, 31, que também esteve na unidade nesta quarta.
Já a agente de saúde Sheila Barbosa, de 51 anos, fez o exame na policlínica para se resguardar e não transmitir o vírus para outras pessoas. "Eu estava com muita dor nas costas, garganta inflamada e uma tosse, desde segunda. Hoje fui ao posto para tirar a dúvida e testei positivo. Resolvi fazer porque eu tenho um jovem em casa, que está em semana de provas, e já descarto a possibilidade dele ir para o colégio e contaminar outras pessoas. Não vou nem mandar ele para a escola, não quero que as outras pessoas peguem."
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que distribui testes para diagnóstico de covid-19 para os 92 municípios do estado. Na última sexta-feira (3), a Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde (SVAPS) enviou nota técnica aos 92 municípios com orientações sobre testagem. O texto alerta para que as unidades básicas e de pronto atendimento mantenham a oferta de teste rápido de antígeno para todos os casos de síndrome gripal.
"Caso a demanda extrapole a capacidade de atendimento das unidades básicas de saúde e das UPAs, a SES vai avaliar a possibilidade de reabrir os centros de testagem na rede estadual em apoio aos municípios", disse a pasta. Hoje, a secretaria recebeu cerca de 450 mil testes de antígeno, que serão distribuídos aos municípios que solicitarem o insumo.
As autoridades vem atribuindo o aumento de casos à sazonalidade, já que os vírus se propagam com mais facilidade no inverno. Já baixo número de casos e óbitos, é justicado pela alta cobertura vacinal. Na cidade do Rio, há 88,1% da população com o esquema vacinal primário completo e 67,2% dos maiores de 18 anos com o primeiro reforço. O segundo reforço já contemplou 57,2% dos idosos com 60 anos ou mais. A cobertura vacinal da gripe alcançou 48% da população maior de seis meses de idade.
A professora de educação física Cláudia Franco, 55, recebeu as vacinas da covid-19 e da gripe nesta quarta-feira na Policlínica Hélio Pellegrino. "Como sou profissional da saúde, já era para eu tomar tomado a segunda dose de reforço. Lá no posto, me perguntaram se eu já tinha tomado a da influenza e eu disse que não e perguntei se já podia. Aproveitei e tomei uma de cada lado. Quis me proteger porque está voltando tudo. Nessa hora a gente tem que parar de pensar em política e pensar em cuidar da saúde", declarou Cláudia.
"A vacinação é muito importante pois somente com a mesma podemos vencer a batalha contra o vírus que tanto assolou não somente nosso estado, mas toda uma nação. Tenho todo meu esquema vacinal completo e é uma sensação muito boa, de segurança, visto a quantidade de pessoas que sofreram com essas doenças ao longo desses últimos dois anos", disse o analista de Recursos Humandos, Giovanni Lima, 47, que se vacinou hoje contra a gripe na policlínica.