A jovem grávida foi assassinadaReprodução Internet

Rio - No quarto de Kathlen Romeu, os objetos pessoais continuam intactos. Em cima de sua cama de solteiro, um urso de pelúcia, algumas fotos e um par de sapatos com a frase "Bisa, estou chegando" ilustram a saudade e a dor dos últimos 365 dias para a família da jovem, que morreu ao ser atingida por uma bala de fuzil, no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio. Sua mãe, Jackeline de Oliveira, de 41 anos, não escondeu a tristeza e disse que não sai de sua cabeça a cena da filha dentro de um saco preto. Na tarde desta quarta-feira (8), amigos e familiares, além de intelectuais e juristas, se reuniram em uma mesa de debate na Defensoria Pública do Rio de Janeiro para discutir o caso.


"Eu poderia ficar falando o dia inteiro aqui, mas jamais conseguiria mensurar a falta que minha filha faz. É muita tristeza, muita dor, saudade e revolta", desabafou Jackeline ao DIA. "Eu preciso que a justiça seja feita para eu tentar sobreviver, para poder pensar em ter um futuro. Eu não imagino um futuro, não planejo nada, não sonho mais nada. Meu futuro era minha filha, meu neto, era para ele estar aqui no meu colo, era para eu estar ensinando a Kathlen a ser mãe", completou.

A mãe da jovem estava no trabalho quando soube o que aconteceu. Ela achou, por um momento, que Kathlen tinha sido assaltada e atiraram em seu braço. Mas, ao chegar no hospital soube de toda a história. "Esses monstros de farda da Polícia Militar tiraram o meu presente e o meu futuro. Eles apertaram o gatilho e tiraram a minha história. Ela continua viva dentro de mim e assim vai ser para sempre. Tem horas que não consigo acreditar ainda, isso tudo é feio demais. Como alguém atirou em uma menina tão jovem? Por que fizeram isso? Ela morreu nos braços da avó", contou. "Os responsáveis não foram condenados, eles estão vivendo a vida normalmente, curtindo a família, filhos. E nós, que não temos mais a nossa única filha?", disse. "Agora sou eu, meu marido e as migalhas que o estado deixou para a gente, algumas fotos da nossa filha e o seu quarto intacto. Eu só quero que a justiça seja feita", finalizou Jackeline.

Através de nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) está analisando detalhadamente toda a documentação produzida ao longo das investigações para encerramento do inquérito, que está em fase final de conclusão.

Ao longo da semana haverá uma agenda de mobilizações em homenagem a Kathlen Romeu. Na próxima sexta-feira (10), às 14 horas, será realizada uma sessão solene no plenário da Câmara Municipal, no Centro do Rio, presidida pela vereadora Mônica Benício, e no sábado (11), das 10h às 20h, haverá um ato político no Memorial Kathlen Romeu, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio.