William Oliveira Fonseca é procurado pelo homicídio de duas mulheresDivulgação

Rio - Em depoimento realizado na sede da Delegacia de Homicídios da Capital, na noite de sexta-feira, 10, o pintor Jonathan Damasceno contou detalhes da motivação do crime e de como abordou Martha Maria Lopes Pontes, 77, e Alice Fernandes da Silva, 51, ao lado do comparsa William Oliveira Fonseca, que está foragido. As duas foram degoladas e tiveram seus corpos carbonizados após o assalto, no Flamengo, Zona Sul do Rio, na véspera.
No documento, ao qual O DIA teve acesso, Jonathan disse que passou a trabalhar no prédio no início desse ano, em um apartamento do 4º andar. Nesse trabalho, ele atuou ao lado do pai, do sogro e de um vizinho do pai, durante 20 dias. E, após esse serviço, de pintura geral, ele teve seus trabalhos recomendados à Martha Pontes, que morava no 12º andar.
Ao lado do pai, que o ensinou o ofício da pintura de paredes, Jonathan pintou janelas do apartamento de Martha, em um serviço que teve duração de 15 dias, distribuídos entre março e abril. A contratante disse que gostaria de realizar outro serviço nas portas, mas que iria chamá-los novamente após melhorar de uma crise alérgica. Em maio, Jonathan contou que foi até o apartamento e perguntou a Martha se ela teria algum serviço para ele, e a resposta foi negativa.
De acordo com Jonathan, ele foi "se desesperando com a quantidade de dívidas que vinha acumulando", e chamou seu amigo, William Fonseca, para roubar o apartamento de Martha e, na versão dele, haviam combinado do crime se limitar ao roubo.
Ambos foram de Acari, de metrô até o Flamengo, e usaram bonés e máscaras para dificultar suas respectivas identificações junto às câmeras de segurança do condomínio. 
Empregada foi a primeira a ser imobilizada
Ainda no depoimento, Jonathan afirmou que pediu para o porteiro interfonar ao apartamento, mas que não houve contato prévio com Martha. Ao chegarem ao imóvel, tocaram a campainha pela porta dos fundos, e que Alice abriu a porta. O policial que escutou o depoimento, disse que Jonathan relatou: "Que não esperava que Alice estivesse na casa; Que William partiu para cima da empregada a colocando contra a parede; Que William amordaçou Alice e amarrou suas mãos com uma fita durex que estava na cozinha; Que o declarante foi na direção de Martha, a encontrando sentada na mesa de seu escritório, localizado na sala; Que se aproximou, vindo pelas costas da vítima e disse: 'Fica calma, só quero o dinheiro'; Que a declarante ficou assustada e disse: 'Não precisa disso'. 
Nesse momento, William amarrou as mãos de Martha com um lacre preto que havia levado em sua mochila e a amordaçou com a mesma fita durex que utilizara em Alice. Martha também teve suas pernas imobilizadas por um lençol. 
Jonathan foi até o quarto de Martha e a obrigou a preencher e assinar três cheques. O primeiro, ela fez no valor de R$ 1 mil, mas William disse que era um valor muito baixo, e a forçou a preencher os outros cheques com o valor de R$ 5 mil. No total, foram preenchidos quatro cheques com o valor de R$ 5 mil, mas um foi rasurado por Martha. 
Seguindo o plano, Jonathan foi até o banco onde Martha era correntista, e conseguiu realizar o saque de R$ 15 mil. Ao sair da agência, ele ligou para o telefone de Alice, que estava na posse de William, e comunicou que o saque havia sido realizado. 
Porteiro autorizou entrada sem contato com apartamento
Ao chegar no condomínio, o mesmo porteiro permitiu sua entrada sem realizar contato com o apartamento. Jonathan relata que, ao chegar no imóvel, tocou a campainha duas vezes, sendo recebido por William que estava "visivelmente alterado". Segundo ele, William só repetia: "Tá tranquilo, tá tranquilo", com as mãos cheias de sangue. Nesse momento, Jonathan disse que perguntou o que havia acontecido, e que William respondera que "já tinha resolvido tudo", segurando uma garrafa de álcool.
Ainda no relato, Jonathan afirmou que William foi até o quarto de Martha, encheu a mochila com objetos dela, e lavou as mãos no banheiro. Ambos saíram pela garagem do condomínio. Jonathan não relatou se viu os corpos das vítimas ou o momento em que o fogo foi ateado ao imóvel. 
Após pegarem o metrô novamente, o dinheiro foi dividido entre ambos de forma igual. Jonathan relatou ainda que, antes de ser preso, procurou os dois agiotas aos quais estava devendo dinheiro, além de realizar compras para a sua residência. A dívida com os agiotas, que ele não soube informar os nomes, não foi quitada. A Justiça já decretou a prisão de William Oliveira Fonseca, que até a tarde deste sábado, dia 11, estava foragido.