Hospital Federal de IpanemaSandro Vox

 Rio - Depois de duas exonerações do cargo de Coordenadora de Administração em dois hospitais federais do Rio em meio a suspeitas de irregularidades, Lucimar Simas da Silva Tito está prestes a ocupar a mesma função, desta vez no Hospital Federal de Ipanema (HFI). A informação foi confirmada ao DIA por funcionários da rede federal de Saúde do Rio.

Segundo um funcionário, a velocidade com que o processo de nomeação está correndo chama atenção. Ele teve início no dia 8 de maio e, no momento, depende apenas de assinatura do ministro da Saúde para a publicação em Diário Oficial da União:

"O processo foi aberto no dia 8 (de maio) e, no dia 10, estava assim, faltando só a assinatura do ministro. Toda nomeação dentro do serviço federal precisa passar por uma consulta na Casa Civil. Às vezes, se você tiver o nome no SPC porque naquele mês atrasou na conta de luz, por exemplo, eles te negam a nomeação. E o processo dela, que tem histórico ruim junto ao Ministério da Saúde, andou a jato, de uma forma que ninguém nunca viu no serviço", diz um funcionário, que prefere não se identificar.

O cargo de Coordenador de Administração está relacionado com a gestão de compras e de funcionários das unidades hospitalares. O mesmo cargo foi ocupado anteriormente por Lucimar Simas nos hospitais federais de Bonsucesso (HFB) e dos Servidores do Estado (HFSE), dos quais foi exonerada em meio a denúncias de irregularidades.

No HFB, a exoneração se deu em Portaria do Ministério da Saúde de 14 de fevereiro de 2019, após denúncia de gastos de R$ 156 mil em uma festa para comemorar os 71 anos do hospital enquanto a unidade passava por crise no abastecimento de medicamentos e profissionais. Lucimar Simas havia assumido o cargo em 9 de novembro de 2018 e era considerada pelos funcionários como o 'braço direito' da então diretora do hospital, Luana Camargo da Silva, que também foi exonerada após a festa, em 21 de janeiro de 2019.

Já no HFSE, para o qual Lucimar Simas foi nomeada em 22 de abril de 2021, a exoneração se deu em 27 de outubro do mesmo ano, após a CPI da Pandemia levantar suspeitas de irregularidades em contratos nos hospitais federais do Rio.

Durante os trabalhos da CPI, o senador Humberto Costa (PT) requisitou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) relatório de inteligência sobre a atuação de Lucimar na Coordenação de Administração do HFSE, sob a seguinte justificativa:

"Na análise das despesas efetuadas por essa unidade federal de saúde (HFSE), identificou-se a prática frequente de pagamentos indenizatórios em montante elevado, relativos à prestação de serviços sem licitação e sem cobertura contratual". 
Segundo funcionários, uma das suspeitas envolve a compra de máscaras de proteção facial por R$ 300 mil. Os equipamentos, no entanto, nunca teriam entrado no almoxarifado do hospital. 
"São pessoas que não fizeram um bom trabalho por onde passaram, mas sempre acabam voltando para a rede federal. É impressionante como isso acontece", diz outro funcionário.
O DIA não conseguiu localizar Lucimar Simas. Já a Superintendência do Ministério da Saúde no Rio respondeu que 'não há até o momento nenhuma publicação em Diário Oficial, mas cabe esclarecer que cargos comissionados são de livre nomeação ou exoneração'.