Casas da localidade Karatê, na Cidade de Deus, teriam sido invadias e reviradas por PMs que procuravam por dinheiroArquivo Pessoal

Rio - Invasão de domicílio, roubo e tortura. Moradores da Cidade de Deus passaram por momentos de terror na tarde desta segunda-feira (29) nas mãos de dois policiais militares. De acordo com a denúncia, feita por um advogado que atua na comunidade da Zona Oeste, os agentes usavam capuz e não tinham seus nomes nas fardas. Em uma das casas invadidas, o morador teve um saco colocado na cabeça e foi agredido pelos policiais, que perguntavam: "Onde está o dinheiro?".
"Fui avisado do ocorrido e fui até o local. Por serem pessoas humildes, ficaram com medo de ir à delegacia e dos policiais voltarem na próxima incursão. Dois policiais entraram nas casas e outros dois ficaram do lado de fora. Os que invadiram as residências estavam sem nome nas fardas e de capuz”, disse o advogado.

De acordo com os relatos, dois PMs invadiram duas quitinetes situadas na localidade Karatê, entre 13h e 14h desta segunda-feira, sem mandado e qualquer tipo de identificação. Na primeira, a moradora não estava no local. Avisada por vizinhos, ela saiu do trabalho e retornou para casa. No entanto, foi impedida de entrar enquanto os dois PMs estavam com os moradores da quitinete vizinha. Os policiais arrancaram a luminária do teto e rasgado o sofá, mas nada foi levado.

"Eles perguntavam ao casal onde estava o dinheiro. Para pressionar o homem a falar, colocaram um saco na cabeça dele e o agrediram. Os policiais pegaram as chaves do carro do morador, documentos, pouca quantia em dinheiro e um perfume. Os PMs ainda chegaram a levar um notebook e dois celulares, mas, quando abriram aporta da geladeira e viram a insulina do morador, devolveram esses objetos”, detalhou o advogado.

A residência do casal foi toda revirada e roupas foram jogadas ao chão. Os PMs só deixaram o local quando outros policiais, a bordo de um caveirão, carro blindado da PM, os chamaram. Todos seguiram juntos no veículo.
As informações oficiais relatam que agentes do 18º Batalhão (Jacarepaguá), em conjunto com unidades do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA), do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Ação com Cães (BAC), fizeram uma operação na Cidade de Deus na tarde desta segunda.
PM vai instaurar procedimento para apurar o caso
A Polícia Militar informou que não houve queixa ou comunicação formalizada ao comando das unidades envolvidas na operação realizada na Cidade de Deus, nesta segunda-feira, relacionada ao episódio relatado.
"No entanto, o comando do 18º BPM (Jacarepaguá) determinou que seja instaurado um procedimento apuratório para verificar a situação relatada e está à disposição da população para receber queixas e reclamações dos moradores com relação a eventuais desvios de conduta, as quais serão devidamente apuradas com rigor", informou a corporação por meio de nota.

A Polícia Militar também informou que disponibiliza canais para o recebimento de denúncias dos cidadãos à Ouvidoria e a Corregedoria Geral. O anonimato é garantido. A Ouvidoria da Secretaria de Estado de Polícia Militar está à disposição pelo telefone (21) 2334-6045 ou e-mail ouvidoria_controladoria@pmerj.rj.gov.br.
A Corregedoria Geral da Polícia Militar pode ser contatada para denúncias pelo telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo site cintpm.rj.gov.br.