Projeto de lei do novo Plano Diretor propõe adensamento para Inhaúma e regiãoDivulgação/Metrô Rio

Rio - A sétima audiência pública territorial para debater a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro foi realizada nesta segunda-feira (27). O foco foi a região chamada de 'Área de Planejamento 3.4', que abrange os bairros de Higienópolis, Maria da Graça, Del Castilho, Inhaúma, Engenho da Rainha, Tomás Coelho e Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. O projeto propõe o adensamento nos locais.
O adensamento é o ato de compactação do solo por meio de rolos compressores ou impacto, tornando o terreno mais denso por processos naturais ou artificiais e depende do tempo de variação de deformação do local devido à drenagem da água dos poros e saída de ar.

O Plano Diretor é a lei norteadora de princípios urbanísticos da cidade. É ele que determina como e quanto pode se construir formalmente, ou seja, ele indica quais locais da cidade precisam de desenvolvimento urbanístico. Segundo o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, uma das prioridades do novo plano é desenvolver a Zona Norte por meio do adensamento e do fortalecimento das centralidades dos bairros. "Desde 1992, todo Plano Diretor dizia que a Zona Norte era prioritária. Então, nós estamos fazendo o máximo de esforço possível para que isso possa realmente acontecer", explicou. 
Ainda segundo ele, é necessário dar uniformidade à legislação. "Vamos sair de 180 definições de zonas para 11 e, especialmente, fazer com que esse solo da Zona Norte, que está bem atendido pela infraestrutura de transporte, possa ter uma prioridade no adensamento nos próximos 10 anos", afirmou Fajardo.

Pontos como mobilidade urbana e segurança pública foram os mais abordados durante a audiência. Leandro Rocha, morador de Maria da Graça, apontou a falta de segurança no bairro e perguntou sobre a possibilidade de fechar algumas ruas. Morador do mesmo bairro, Júlio Carlos Coutinho pediu pela volta de linhas de ônibus que dificultaram a mobilidade urbana da área com seu desaparecimento. Ele também alertou sobre o acúmulo de fios nas ruas.

Para o vereador Tarcísio Motta é importante entender a capacidade das linhas de trem e metrô para receber novos usuários e pede pela integração entre os modais de transporte. "Estamos falando em potencial, em adensamento, garantir ambiência urbana. Mas, na prática, como vamos dar soluções para os problemas de saturação desses modais de transporte?", questionou.

Já o vereador Pedro Duarte falou da necessidade de adaptar os elementos do dia-a-dia da região no projeto de lei. "Essa é uma região muito próxima às linhas de metrô e trem, próxima ao Centro. Mas é uma das regiões com mais problemas. O ideal é termos condomínios que conversem com o urbano, mas também vemos uma necessidade de moradores que pedem para fechar a rua", disse o vereador.

Ainda de acordo com a proposta da Prefeitura, a região, que já possui uma população estimada em mais de 200 mil habitantes, vai receber manutenção da ambiência dos bairros de Maria da Graça e Higienópolis, além do reconhecimento das áreas ocupadas por população de baixa renda e do estabelecimento de algumas Zonas de Conservação Ambiental.
Para o subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz, o Plano Diretor proposto consegue preservar a raiz do subúrbio. "No bairro de Maria da Graça permanece aquele caquinho suburbano da calçada, as construções que tem um santo na porta. Isso tudo é uma preocupação do morador e vai continuar. Mas, ao mesmo tempo, temos áreas abandonadas. Esse Plano dá condição para que as pessoas morem em uma área com uma infraestrutura melhor", afirmou o subprefeito.
O debate foi realizado pela Comissão Especial do Plano Diretor, da Câmara de Vereadores, na Faculdade Estácio de Sá do Shopping Nova América, e contou com a participação de representantes da Prefeitura.

Processo de Revisão do Plano Diretor foi iniciado em 2018

A minuta do novo Plano Diretor, enviada pela Prefeitura em setembro do ano passado, é resultado de um longo processo de revisão, iniciado em 2018. Em 2021, o debate envolveu 111 instituições inscritas em chamamento público, além de entidades convidadas, que se reuniram para discutir o tema em encontros que somaram mais de 105 horas de debates. O poder público também realizou nove audiências públicas em toda a cidade, que contaram com participação popular de maneira virtual e presencial.
Já no Poder Legislativo, a Câmara Municipal criou uma comissão especial e realizou até o momento 15 audiências públicas de discussão, todas com participação de representantes da Prefeitura. Assim, ao todo, 24 audiências já foram realizadas para discutir o projeto de lei.