Policiais do 18º Batalhão (Jacarepaguá), as unidades do 2º Comando de Policiamento de Área, do Batalhão de Operações Especiais e do Batalhão de Ação com Cães fizeram uma operação na Cidade de DeusReginaldo Pimenta / Agência O Dia
"No momento em que eu soube que a minha casa estava sendo invadida pelos policiais, fiquei em desespero. Eu não estava lá. Nunca tinha acontecido isso comigo. Eles não me deixaram entrar na minha própria casa. Quebraram minha luminária, rasgaram o meu sofá, jogaram as minhas roupas e de meus filhos no chão. Os meus documentos e brinquedos dos meus filhos ficaram todos espalhados. Parecia que tinha passado um furacão", detalhou a moradora.
Como o DIA noticiou nesta segunda-feira (27), duas famílias tiveram as suas casas invadidas e, em uma delas, objetos e até um perfume foram roubados por dois policiais militares. A denúncia da invasão foi feita por um advogado que atua na comunidade. Um homem chegou a ser torturado pelos PMs — os agentes enfiaram um saco na cabeça da vítima e o agrediram enquanto perguntavam "onde estava o dinheiro?".
"Foi muito constrangedor, horrível. Os vizinhos olhando, comentando. O meu dia se transformou em pânico. Eu só sabia chorar de ver a minha casa daquele jeito. Hoje ainda quando penso no que aconteceu fico muito triste e rolam lágrimas dos meus olhos", contou a mulher.
Os dois PMs entram nas residências situadas na localidade Karatê, entre 13h e 14h desta segunda, sem mandado e qualquer tipo de identificação. Outros dois policiais ficaram do lado de fora das casas — as duas quitinetes ficam no mesmo corredor.
"A gente trabalha tanto para receber uma notícia dessas, que minha casa foi arrombada, invadida sem a minha permissão. É uma coisa que deixa a gente em pânico. Eu morro de medo deles (os PMs) voltarem. Foi uma situação horrível, que nunca tinha passado na vida e nunca mais quero passar. Fizeram uma covardia com o meu vizinho que não tem nada a ver com o tráfico. Os PMs acham que qualquer pessoa que mora em comunidade compactua com eles (traficantes). Só que não. A gente mora aqui porque precisa e não tem para onde ir devido a nossa condição financeira", ressaltou a moradora.
A mulher conta ainda que teme ser incriminada em um falso flagrante armado pelos policiais. Por esse motivo, prefere não seguir com a denúncia à Polícia Civil. "Morro de medo de fazer o registro na delegacia e eles voltarem e me jogarem algum tipo de droga para me incriminar. A minha vida é trabalho e casa, que vou só para descansar com os meus filhos".
De acordo com a moradora, ela não deixou que os filhos pequenos fossem para casa depois do ocorrido. "Eles iriam ficar com aquilo na memória e seria horrível. Se eu tivesse condições de me mudar dali, mudaria. A gente trabalha para conquistar o melhor para os nossos filhos e, ao chegar, ser tratada dessa forma", avaliou. Os vizinhos da mulher não quiseram conversar com a reportagem por medo de uma nova invasão.
A Polícia Militar informou, nesta segunda-feira, que não houve queixa ou comunicação formalizada ao comando das unidades envolvidas na ação relacionada ao episódio relatado.
"No entanto, o comando do 18º BPM (Jacarepaguá) determinou que seja instaurado um procedimento apuratório para verificar a situação relatada e está à disposição da população para receber queixas e reclamações dos moradores com relação a eventuais desvios de conduta, as quais serão devidamente apuradas com rigor", informou a corporação por meio de nota.
Procurada novamente nesta terça-feira, a PM reforço que, até o momento, não houve comunicação formal sobre o fato. "O procedimento interno instaurado segue em andamento", informou.
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