Audiência pública foi realizada no ginásio do Colégio Santa Clara, em Cordovil, Zona Norte do RioDivulgação
Audiência pública discute propostas do novo Plano Diretor para desenvolvimento na Região da Penha
Área debatida conta com cerca de 5% da população do Rio de Janeiro
Rio - O ginásio do Colégio Santa Clara, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, recebeu a 25ª audiência pública de discussão do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável da cidade. Nesta quarta-feira (29), a reunião foi a 16ª realizada pela Comissão Especial do Plano Diretor, da Câmara dos Vereadores.
Os participantes debateram as propostas para a Região de Planejamento 3.5, que abrange os bairros da Penha, Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas, Vigário Geral e Jardim América, na Zona Norte do Rio. Essa área corresponde a cerca de 2% do território da cidade e quase 5% da população do município.
De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (SMPU), o Plano Diretor é a principal lei urbanística da cidade. Ela orienta o desenvolvimento territorial e estabelece parâmetros para o crescimento do solo ocupado por construções. A Prefeitura do Rio afirma que uma das principais diretrizes do projeto de lei enviado à Câmara é o fortalecimento da Zona Norte, uma das regiões mais bem infraestruturadas da cidade.
"Desde os anos 70, nunca conseguimos produzir uma uniformidade de legislação de uso do solo. O fato de ficarmos com uma colcha de retalhos de legislações acabou prejudicando muito o desenvolvimento urbano e ambiental da Zona Norte e fez com que os investimentos, os interesses e a ideia de uma boa cidade fossem para outros lugares", afirma o secretário de Planejamento Urbano, Washington Fajardo.
Para o crescimento da região, o texto do PL propõe o aumento do índice construtivo nas áreas de entorno dos corredores de transporte, o aperfeiçoamento da integração entre os modais e o fortalecimento dos centros de bairros.
Para a SMPU, uma das preocupações do Plano Diretor é a criação de espaços públicos e áreas verdes. Sendo assim, a proposta incorpora os decretos de Áreas de Proteção Ambiental e propõe instrumentos para a criação de largos e praças. Durante a audiência, a vereadora Tainá de Paula afirmou que esse é um dos assuntos mais importantes, principalmente nos bairros discutidos.
"A gente vive uma discussão longa sobre o aquecimento do Rio de Janeiro, um dos municípios mais quentes em relação a outras cidades do Brasil. E essa região vem se formando como uma das áreas mais quentes da cidade. É importante debater essa questão", disse a vereadora.
Mariana Barroso, coordenadora de Planos Locais da Secretaria de Planejamento Urbano, entende que essa é uma questão sensível na região. “A possibilidade de verticalização é uma possibilidade de liberação de solo para a criação de áreas verdes. Além disso, estamos atentos à possibilidade de ampliação dos corredores verdes”, comentou.
Cerca de 26% dos 324 mil habitantes dos bairros discutidos vivem em favelas. João Ricardo Serafim, da Associação de Moradores e Amigos de Vigário Geral, se preocupa com a questão do saneamento e do alagamento constante dos territórios. "É preciso, pelo menos, resolver o problema das enchentes e dar atenção aos rios Acari e Meriti que enchem", alertou.
Segundo a prefeitura, o Plano Diretor implementa um instrumento urbanístico chamado "Outorga Onerosa do Direito de Construir" como o objetivo de gerar recursos, levando infraestrutura e qualidade de vida para esses locais. Na outorga, para construir acima do coeficiente de aproveitamento básico (área edificável pelo direito de construir) e chegar ao máximo do potencial construtivo, é necessário um pagamento para a prefeitura.
"Esse é um instrumento que tem feito muita diferença em muitas cidades de outros países, principalmente nos países em desenvolvimento. Eu gosto de dizer que é um instrumento de solidariedade entre bairros. Ou seja, com esse recurso é possível fazer as praças necessárias na Área de Planejamento 3, por exemplo", explicou Washington Fajardo.
Revisão do Plano Diretor começou em 2018
A minuta do novo Plano Diretor, enviada pela Prefeitura do Rio em setembro do ano passado, é resultado de um processo de revisão iniciado em 2018. Em 2021, o debate envolveu 111 instituições inscritas em chamamento público, além de entidades convidadas. Os encontros para discutir o tema somaram mais de 105 horas de debates.
O Poder Público também realizou nove audiências públicas, que contaram com participação popular de maneira virtual e presencial. Já no Poder Legislativo, a Câmara Municipal criou uma comissão especial e realizou, até o momento, 16 audiências públicas de discussão, todas com participação de representantes da prefeitura. Assim, ao todo, 25 audiências já foram realizadas para discutir o PL.
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