Porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, falou sobre a necessidade de operações como a do AlemãoArquivo/Marcos Porto/Agência O Dia

Rio - O tenente-coronel Ivan Blaz, porta-voz oficial da Polícia Militar do Rio, falou, na manhã desta sexta-feira (22), sobre a operação conjunta realizada no Complexo do Alemão nesta quinta. A ação teve 18 mortos confirmados, sendo 16 suspeitos e dois inocentes, o cabo Bruno de Paula, de 38 anos, e Letícia Marinho, de 50.
O coronel, em entrevista ao 'Bom Dia Rio', da TV Globo, contou que Letícia era uma amiga da família e lamentou tanto a morte dela como a do policial.
"Eu queria deixar bem claro que a senhora Letícia Marinho era amiga da minha mãe aqui do Recreio dos Bandeirantes. Minha mãe estava muito abalada com a morte de sua amiga. E eu já estava muito triste com a morte do policial Bruno de Paula, que deixou dois filhos autistas. Como essa mãe vai tocar a vida sem esse marido agora?", indagou.
De acordo com Blaz, a morte dos inocentes pode ser considerada como o custo da operação que vitimou 18 pessoas e se tornou a quarta mais letal da história do Rio.
"Eles dois acabam representando o custo da operação. Não tem resultado operacional que seja comemorado com a morte desses dois inocentes, mas a gente precisa entender que operações como essa representam o que aquilo que chamamos de 'enxugar gelo'. É fundamental que a gente possa enxugar o gelo, que tenha alguém para enxugar esse gelo, porque senão a sociedade vai morrer afogada", disse ele.
Para o tenente-coronel, a força do crime organizado vem, principalmente, em consequência da entrada desenfreada de armas em território brasileiro. Com o aumento do armamento nas comunidades, traficantes ganham cada vez mais poder de fogo contra a polícia, principalmente em certas regiões como o Alemão.
"Ontem, por volta das 7h30, a munição do Bope já havia sido totalmente consumida, dado a intensidade do confronto armado que se deu no Alemão. A gente fala do Complexo do Salgueiro, daquela operação que durou a noite inteira, mas não foram consumidas as munições que foram consumidas em apenas duas horas no Alemão", esclareceu. Blaz ainda completou, afirmando que no complexo, há centenas de fuzis disponíveis para o tráfico, além de diversos equipamentos táticos sendo empregados, como as barricadas utilizadas para retardar a circulação de policiais nas vias.
De acordo com seu relato, as policiais estaduais vem agindo em conjunto com as forças armadas do Governo Federal em ações para diminuir a entrada de armamento em território brasileiro, que deve influenciar diretamente na criminalidade do Rio.
"Hoje o Governo do Estado tem atuado em parcerias com o Governo Federal, tem buscado as ações conjuntas em diferentes locais. A gente observa que as ações conjuntas entre as polícias estaduais e as polícias Federal e Rodoviária Federal tem sido cada vez mais atuantes. Logicamente isso é uma realidade recente que a gente não observava há muito tempo. Então ter essas ações conjuntas é fundamental para que a gente possa deter esse avanço do crime", explicou.
Ivan Blaz também afirmou que o clima segue tenso no Complexo do Alemão e que policiais realizam patrulhamento, com reforços, nos acessos a região.
"O clima ainda é bem tenso, não há um grande número de pessoas circulando nas ruas, não há um grande número de veículos, transportes públicos, vans, kombi, mototáxis".