Durante o sepultamento, Lucimara Dias, mãe de Yzabelly estava muito emocionada e precisou ser amparada por outros familiaresVanessa Ataliba/Agência O DIA
“Sou uma mulher digna, trabalhadora. Todo mundo sabe da minha trajetória com os meus filhos. Se for preciso, eu dou a minha vida pela deles. Tenho dois filhos, tenho um neto... Ela não merecia isso, eu não merecia isso. Eu não esperei [notícias] dentro de casa, eu corri atrás. Sou uma mãe digna, eu mato e morro se for preciso pelos meus filhos. Agora, o que vai ser de mim sem a minha filha?”, lamentou Luciana.
A mãe da jovem fez, ainda, um apelo para que as autoridades não deixem que a filha dela seja mais um caso sem solução. “Hoje foi a minha filha. Amanhã vai ser a filha de outra pessoa e por aí se vai. O criminoso vai para trás das grades. Entra pela porta da frente e sai pela porta de trás. Autoridade, eu quero uma resposta. Não quero que minha filha seja mais um caso”, cobrou.
“Ela é uma menina trabalhadora, guerreira, adorável. Todo mundo gostava dela, não tinha rixa com ninguém”, lamentou.
Buscas
De acordo com a mãe, a filha saiu para comprar um lanche no distrito vizinho, em Inoã, entre 19h e 20h, do último dia 19, mas não retornou.
“Desde o primeiro momento eu fui pra delegacia de Maricá. Lá, disseram que não resolveriam o meu caso. Levantei às 4h30, saí de casa sem ninguém me ver e fui, com minha garra e coragem. Pedi socorro e falei para eles (polícia) se estavam esperando eu buscar o corpo da minha filha em algum lugar. Mais uma vez, fizeram pouco caso e não correram atrás. Minha filha saiu de casa para fazer um lanche, ela perguntou qual eu queria, eu disse: 'Filha, quando você chegar lá, me diz, que eu vou falar para você o sabor'. Quando foi 21h30, eu mandei a mensagem: 'Filha, onde você está?'. Ela não me respondeu mais, liguei e não consegui. Autoridade, cadê você? Depois de sete dias eu tive a resposta de vocês. Quantas vidas tem que morrer?. Várias pessoas diziam que estava aqui, ali, e a gente ia. Meu filho, primo, irmão, todos desesperados, todo mundo. Não ficamos em casa”, desabafou.
“A minha filha era uma pessoa trabalhadora. Ela morava em São Gonçalo. Se ela tivesse aqui, não tinha acontecido isso. Eu tirei minha filha daqui para levar e trazer ela e agora eu estou enterrando. Se a gente tivesse dentro de uma comunidade, isso não tinha acontecido”, lamentou.
Familiares pedem justiça durante o enterro da jovem Yzabelli de Oliveira, encontrada morta em uma área de Mata, na Estrada dos Caujeiros, em Itaipuaçu, Maricá.
— Jornal O Dia (@jornalodia) July 27, 2022
Crédito: Vanessa Ataliba/Agência O DIA#ODia pic.twitter.com/otGz55Khyv
O Movimento reivindica um maior efetivo de policiais civis em Maricá, além de um Núcleo de Atendimento à Mulher e um IML no município. Nesta quinta (28), membros da ONG e familiares da vítima pretendem se reunir em forma de protesto em frente à 82ªDP (Maricá) em prol de justiça.
Em menos de dois meses, 11 casos de feminicídio foram registrados no estado do Rio. Apenas nesta terça-feira (26), além de Yzabelli, outras duas mulheres foram mortas. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio, o estado registrou do mês de janeiro a maio deste ano, 33 casos de feminicídio.
Já Letícia Dias foi encontrada morta durante a tarde desta terça-feira (26), na Avenida Almirante Tamandaré, em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. O corpo tinha sinais de perfurações feitas por uma arma branca. De acordo com testemunhas, o autor do crime seria o ex-namorado da vítima, identificado como Flávio Fonseca, que fugiu.
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