Material apreendido durante operação resina chega à Cidade da PolíciaReginaldo Pimenta / Agência O DIA

Rio - A Polícia Civil e Ministério Público (MPRJ) realizaram, nesta quarta-feira (03), a terceira fase da Operação Resina que tinha 27 mandados de busca e apreensão para cumprir e outros sete de prisão preventiva contra integrantes de uma organização especializada em furto qualificado de cargas de caminhões. O vereador licenciado e ex-secretário municipal de Ciência e Tecnologia do Rio, Willian Coelho (Democracia Cristã-RJ), foi um dos alvos da ação.
Ao todo, cinco pessoas foram presas, entre elas o pai do vereador, Edson Coelho. No entanto, durante a tarde desta quarta-feira, ele foi liberado após pagar uma fiança de R$ 6 mil. Também foram apreendidos quatro caminhões com carreta e um carro de luxo, além de montantes em dinheiro.
Edson Coelho, pai do vereador licenciado William Coelho, chega à Cidade da Polícia após ser preso em porte de arma de fogo não registrada - Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Edson Coelho, pai do vereador licenciado William Coelho, chega à Cidade da Polícia após ser preso em porte de arma de fogo não registradaReginaldo Pimenta / Agência O DIA
De acordo com as investigações, conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), e também pela 61ª DP (Xerém) e 105ª DP (Petrópolis), os criminosos furtavam caminhões com materiais como aço, ferro e resina e, após o furto, se organizavam para distribuir a carga. No total, mais de um milhão de reais em materiais foram furtados pelos criminosos.

Na denúncia encaminhada à 1ª Vara Criminal de Duque de Caxias, o GAECO destaca que os integrantes do grupo, composto por 21 pessoas denunciadas, associavam-se a funcionários de transportadoras, em geral motoristas de caminhões. Eles tinham plena confiança de seus empregadores, recebiam as mercadorias a serem transportadas e, uma vez de posse de tais bens, entregavam a carga aos demais integrantes do grupo.

Após os furtos, eram confeccionados falsos registros de ocorrência em delegacias distantes do local do suposto roubo e, para a confecção de alguns desses falsos registros, houve a participação de dois policiais civis do estado de São Paulo, que tiveram seu afastamento determinado pela Justiça. Os dois foram denunciados por corrupção passiva.

Do total de 21 denunciados, sete tiveram a prisão preventiva decretada, sendo quatro empresários, que agiam como intermediários e, por vezes, receptadores, pois disponibilizavam local para o armazenamento das cargas furtadas até o seu destino, seja repassando para um receptador final, seja vendendo para um comerciante de boa-fé. Outros três alvos dos mandados de prisão eram proprietários de caminhões, que utilizavam os veículos para subtrair as cargas. Eles também eram responsáveis pelo recrutamento de motoristas para o esquema criminoso e pelo contato com os intermediários dos receptadores.

A operação cumpriu, ainda, 27 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos empresários, proprietários de caminhões, motoristas e intermediários na capital, em Duque de Caxias, Piraí, Mesquita e Nova Iguaçu, além das cidades paulistas de Piracicaba, Ribeirão Pires, Guarulhos e São Paulo; e mandados de busca e apreensão de 12 caminhões utilizados pela organização criminosa para os furtos das cargas.
Iniciada em junho de 2022, a operação mirava fraude com desvio de resina PET no RJ. À época, cumpriram 21 mandados de busca e apreensão e uma pessoa foi presa por porte ilegal de arma. A 1ª Vara Criminal de Caxias também determinou a restrição judicial de 12 carretas.
A segunda fase, dia 14 de junho, mirava desvios de ferro, alumínio e aço. Um aparelho celular apreendido com um dos suspeitos durante essa etapa revelou a existência de mais atividades criminosas.
Ex-secretário Municipal e vereador licenciado é um dos alvos
Willian Coelho, vereador licenciado, foi um dos alvos de busca e apreensão. A Polícia Civil esteve em sua casa, em Sepetiba, Zona Oeste do Rio. Segundo a denúncia, ele pode ter ligação com um empresário paulista que está envolvido em desvio de trilhos de ferro do metrô do Rio.
Vereador licenciado, William Coelho é um dos alvos de mandado de busca e apreensão na terceira fase da Operação Resina - Divulgação / CMRJ
Vereador licenciado, William Coelho é um dos alvos de mandado de busca e apreensão na terceira fase da Operação ResinaDivulgação / CMRJ
Até recentemente, Willian Coelho era secretário municipal de Ciência e Tecnologia do governo Paes. Ele saiu do cargo para auxiliar a campanha da mulher, que será candidata ao legislativo na próxima eleição. 
No momento da chegada dos policiais, o vereador estava na residência com a mulher. Os agentes ficaram cerca de 40 minutos no local e saíram com alguns malotes com materiais apreendidos. Agentes também fizeram buscas no gabinete de Willian, na Câmara. Procurada pela reportagem, a assessoria do vereador ainda não se posicionou.
O pai do vereador, Edson dos Santos Filho, também foi alvo de busca e apreensão na operação. O pai, contudo, foi preso em flagrante por estar com uma arma de fogo sem registro.
Câmara Municipal se posiciona
Em nota, a Câmara do Rio afirmou que colaborou e garantiu total acesso às dependências da Casa à Polícia Civil e ao Ministério Público. Os agentes foram apenas ao gabinete do vereador citado.