Sepultamento do moto boy Jean Foly, de 29 anos, assassinadoapós sair para fazer entregas, na noite desta terça-feira (09/08).Sandro Vox / Agência O Dia

Rio - Dor e revolta marcaram a despedida ao entregador Jean Foly, de 29 anos, assassinado por assaltantes no fim da noite da última terça-feira (9), em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O jovem, que deixa esposa e filha de um mês, saía para levar um pedido delivery da lanchonete onde trabalhava quando foi morto. O enterro aconteceu no início da tarde desta quinta-feira, no cemitério Municipal de Nova Iguaçu. 
"O Jean era um menino bom e trabalhador. Desde os 14 anos que ele trabalha. Já trabalhou de carteira assinada. Sempre correu atrás do dele. Garoto de família, sabe? Como todo menino, gostava de curtir e beber sua cervejinha com seus colegas, mas sempre na disciplina, sempre na paz. Tinha acabado de formar uma família, estava casado de pouco tempo e com uma bebê de um mês (...) Ai você me pergunta, quanto que ele ia ganhar? Cinco reais pela entrega. Mas ele jamais imaginou que iria morrer por isso. Ele perdeu a vida por R$ 5", lamentou a tia do jovem, Daniela Ribeiro da Costa, de 46 anos, que esteve no sepultamento de Jean.
O entregador Jean Foly, de 29 anos, foi morto por criminosos que teriam feito um falso pedido à lanchonete onde ele trabalhava, na Baixada Fluminense - Reprodução do Facebook
O entregador Jean Foly, de 29 anos, foi morto por criminosos que teriam feito um falso pedido à lanchonete onde ele trabalhava, na Baixada FluminenseReprodução do Facebook
Segundo ela, o jovem saía para fazer quatro entregas na lanchonete onde trabalhada. Ele fez duas e seguia para a terceira, que teria sido um pedido dos próprios criminosos. "Ele chegou no local e já eram eles. Premeditaram, roubaram e mataram ele. Descobrimos através de amigos que trabalhavam com ele. Como o quarto lanche dessa entrega não chegou, o cliente começou a ligar e eles estranharam", contou.
Na sequência, os amigos teriam ido procurar o jovem na casa de parentes, da mãe, da esposa, no Engenho Pequeno, em também em Nova Iguaçu, mas sem sucesso. Os colegas seguiram procurando em hospitais da região, delegacia e IML durante a madrugada.
Para Daniela, a expectativa era de que Jean tivesse sofrido um acidente e estivesse inconsciente em alguma unidade hospitalar. "Poderia ser um acidente ou coisa assim. Não encontramos", lembrou. Na manhã de quarta-feira (10), ela disse que uma pessoa que ajudava nas buscas viu uma viatura na região do bairro da Posse e informou aos PMs sobre o desaparecimento. "Esses policiais já estavam indo para uma ocorrência de corpo encontrado, então meu irmão foi ao local. Chegando lá, confirmaram que era o Jean".
Segundo ela, o ato violento tirou Jean da família no seu momento mais feliz: "Eu falava quando o Jean postava as fotos da filha que ela estava linda e ele dizia: 'Tia, eu sou apaixonado pela minha filha. Tudo que eu queria era ser pai'. E agora vem aí o domingo, Dia dos Pais, e ele sem poder dar um abraço na filha", lamentou. Cerca de 100 pessoas participaram da despedida ao entregador. 
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). A Polícia Civil informou que diligências estão sendo realizadas para tentar identificar os responsáveis pela morte de Jean. 
Um amigo de Jean, que também trabalha como entregador e não quis se identificar, disse que tem medo de seguir trabalhando na região. "A preocupação da gente é imensa. Nós temos que levar o pão para casa, mas toda entrega é essa apreensão. Queremos justiça pelo Jean, porque a situação dele é a mesma que a nossa. Falta segurança nos ruas e mais atuação da polícia na Baixada", criticou.