Mãe, à esquerda, e irmã, à direita, de Matheus Costa da Silva estiveram no IML para reconhecer corpoReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Familiares reconheceram o corpo encontrado no Rio Capenga, nesta segunda-feira (22), como sendo o de Matheus Costa da Silva, de 21 anos. Parentes estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, nesta terça-feira (23), e identificaram o jovem por uma tatuagem em homenagem ao avô. A vítima estava desaparecida desde o último dia 12, quando foi sequestrada junto com os amigos Douglas de Paula Pampolha dos Santos, 22, Adriel Andrade Bastos, 24, e Jhonatan Alef Gomes Francisco, 28. Os outros rapazes ainda não foram encontrados.

A mãe de Matheus, a balconista Ana Maria da Costa, soube que era o filho quando chegou ao IML e o pai de Adriel a questionou sobre a tatuagem. Ao descrever o desenho para o parente, ele a confirmou que se tratava do jovem. Muito abalada, ela contou que pediu para que a filha fizesse o reconhecimento do corpo do irmão. A mulher disse ainda que não deseja o mal dos responsáveis pelo crime, mas que não pode perdoá-los.

"Eu não tive coragem de ver. É meu filho. Eu só peço que Deus dê paz para eles, porque eu acho que eles não têm paz. Porque a gente não tem paz sabendo que nosso filho está do jeito que está. Eu só peço que Deus perdoe eles, porque perdoar, eu não tenho como. Eu não desejo mal de ninguém, de verdade. Eu só queria achar meu filho mesmo", lamentou Ana Maria.

Segundo a balconista, há indícios de que Matheus teve o corpo furado após ser morto, para que afundasse no rio, o que também pode ter acontecido com os outros desaparecidos. Segundo a mãe, o jovem trabalhava como pintor e tinha o sonho de abrir um estúdio. Ela descreveu o filho como brincalhão e disse que ele era querido por todos.

"O Matheus era uma criança grande, era brincalhão, era animado, amigo de todos. Todo mundo gostava dele. O Matheus é um menino muito bom (...) Era um menino muito carinhoso, que procurava ajudar todo mundo. Me ajudava muito, também, ele era meu braço direito, eu contava muito com o meu filho", desabafou a balconista.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga se o uso e venda de drogas nos locais dominados pela milícia de Danilo Dias Lima, o Tandera, pode ter sido a causa da emboscada que teria levado a execução de Matheus, Douglas, Adriel e Jhonatan. O parente de um dos desaparecidos confirmou ao DIA que o irmão faz uso de cigarro, bebida alcoólica e maconha, mas que não traficava. A versão também foi contestada por Ana Maria.

"O meu filho é uma pessoa tranquila. Eu conheço o meu filho, eu conheço a índole dele. Estão falando que eles estavam envolvidos com o tráfico, com cartão clonado, e eu sei que não é. Eu acho que eles teriam que apurar mais para falar alguma coisa, porque isso destrói ainda mais a família e a reputação deles. Nós que somos mães, a gente conhece os nossos filhos. Isso destrói a família toda, são quatro famílias. Isso é doloroso demais para a gente. Então, o que estão falando deles, a gente não aceita. Nem eu, nem as outras famílias".

O corpo de Matheus foi encontrado durante buscas realizadas por agentes da especializada, junto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Corpo de Bombeiros. Em nota, a Polícia Civil informou que a investigação está em andamento no Setor de Descoberta de Paradeiros da DHBF e segue sob sigilo. "Diligências prosseguem para localizar as demais vítimas e esclarecer as circunstâncias do fato", completou a nota.