Daiana Chaves Cavalcante, de 36 anos, mostra curativos de cirurgia realizadaSandro Vox

Rio - A Justiça do Rio negou o pedido da defesa da dona de casa Daiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, para obter recursos para a contratação de um home care, com objetivo de auxiliar nos cuidados necessários em casa após receber alta médica, nesta segunda-feira (29). A mulher está com ferimentos ainda abertos, precisa de curativos todos os dias, e, segundo ela, sente "uma dor inexplicável" e  o risco de pegar uma infecção.
Daiana foi vítima do erro médico em cirurgias plásticas realizadas pelo equatoriano Bolívar Guerrero Silva, no Hospital Asa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada, no dia 3 de maio. De acordo com o advogado da vítima, Ornélio Mota, a juíza responsável pela decisão entendeu que Daiana poderia procurar cuidados médicos em unidades públicas, sem entender a gravidade dos ferimentos apresentados pela vítima depois do erro médico que sofreu. No documento, a magistrada diz que verificou "ter havido um equívoco interpretativo do teor da decisão fis. 44 que determinou o bloqueio de verba do primeiro réu, onde foi deferido o bloqueio com a finalidade específica".
Para Daniela, a juíza não deveria negar o pedido, pois ela necessita de atendimento diário e não tem condições de se locomover até unidades de saúde por estar com muitos ferimentos abertos. " Ela [a juíza] não deveria ter negado, porque eu estou acamada, estou precisando  de alguém para me ajudar, porque não é só uma ferida, são quatro feridas, duas no seio e duas embaixo e eu não posso colocar a mão. Eu queria que ela tivesse, pelo menos, um pouco de sentimento, porque ainda me dói, eu sinto que está faltando um pedaço da minha barriga, tenho que ter dinheiro para voltar das consultas, que no caso só posso ir por aplicativos", desabafa

A Clínica Asa Branca tive os bens bloqueados pela Justiça para arcar com os custos de uma possível internação de Daiana em outra clínica particular, o que não aconteceu. A vítima acabou sendo transferida para o Hospital Federal de Bonsucesso, onde permaneceu até está segunda.

Segundo o advogado de Daiana, ela recebeu alta médica para que pudesse terminar de se recuperar com sua família, mas que ainda precisa de cuidados médicos, remédios e trocas dos curativos diariamente. Nos dias de semana, agentes de saúde da Clínica da Família que atende na Rocinha, onde a vítima mora, fazem os curativos, mas ela ainda precisa do serviço aos finais de semana, quando o local não funciona, já que não pode fazer sozinha por conta da gravidade da situação.
A vítima ainda diz estar passando por dificuldades financeiras e que a decisão da Justiça só aumentou sua preocupação e o medo de não conseguir se recuperar totalmente. "Eu tive que fazer um empréstimo com meu advogado porque preciso comprar as coisas que faltam e preciso de uma pessoa que esteja aqui pelo menos finais de semana, sem isso, eu corro o risco de pegar uma bactéria e acontecer alguma coisa grave comigo. É uma ferida de dois dedo de profundidade e de dez centímetros. Então pra mim botar a mão, alguém colocar a mão fica ruim. Tem que ser uma pessoa que trabalha no ramo de ferimentos. Eu não estou bem, e eu fico me perguntando o porquê de estar acontecendo isso tudo comigo. Eu fico triste porque não gosto nem de me olhar, eu tenho pânico, tenho pavor. A dor é inexplicável, é dor de cabeça todos os dias, é a pressão".

Devido ao problema, o advogado decidiu pedir na Justiça o dinheiro bloqueado para que fosse usado em um home care para ela aos finais de semana. Porém, a primeira decisão de bloqueio definiu que o dinheiro fosse utilizado "para custear a transferência e a internação da paciente". Ornélio ainda pretende recorrer à decisão.

Nesta quinta-feira (1°), Daiana Chaves fez a sua primeira revisão médica depois de receber alta. De acordo com seu advogado, mesmo já em casa, ela ainda vai precisar passar por algumas outras intervenções para se recuperar totalmente.

Ela ficou internada por um mês e oito dias no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), após ser transferida da Clínica Asa Branca, onde fez a cirurgia com o médico Bolívar e foi vítima de erro médico. Na unidade de saúde, ela precisou passar por duas cirurgias corretivas. De acordo com seu relato, um dos procedimentos será realizado daqui a duas semanas, já o segundo, somente daqui a dois meses por conta da falta de pele no local do ferimento.

O médico equatoriano está preso desde o último dia 18 de julho no presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste.