Ato em defesa do piso salarial de Enfermagem no Centro do RioPedro Ivo/ Agência O Dia

Rio - Os representantes dos profissionais de saúde do Rio se reuniram no Centro da cidade, nesta quinta-feira (8), em um ato contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a lei que iria alterar o piso salarial da classe. Esta foi a primeira de uma série de manifestações em defesa do piso dos enfermeiros e técnicos de enfermagem. O ato ocorreu do fim da manhã até a tarde, em frente à nova sede da Alerj, na Rua da Ajuda, 5.

Para Mônica Cunharski, presidente do Movimento Ativista da Enfermagem (MAE) no Rio de Janeiro, atos como o desta quinta são necessários para que a voz da classe trabalhadora seja ouvida pelos políticos.

"O ato da enfermagem tem uma importância única né? É importante para que nós possamos mostrar a verdadeira força da enfermagem brasileira. Pois nós somos a segunda maior categoria no país, aqui no Rio de Janeiro nós somos 300 mil, no Brasil nós somos 3 milhões de profissionais. E não tem ninguém ouvido a nossa voz, temos sido calados, assediados e desvalorizados dentro dos ambientes hospitalares, principalmente pelas instituições privadas, que são aquelas que assediam o auxiliar de enfermagem, o técnico de enfermagem, o enfermeiro. Aqui no Rio de Janeiro, existem redes privadas que não pagam e nem respeitam o piso salarial estadual da categoria", desabafou.

Marco Schiavo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, (SindEnfRJ), marcou presença no ato e afirmou que pretende lutar pela causa e acredita que a decisão do ministro tenha sido pautada pela rede privada.

"Os atos de rua podem dar a resposta que a categoria precisa. Pois na verdade, a rede privada entrou com essa Adin no STF com a justificativa que a rede privada iria quebrar e que a enfermagem seria a responsável pelas demissões. Mas na verdade os donos dos hospitais estão cada vez mais ricos graças ao trabalho da enfermagem. Acredito que até semana que vem o STF vai definir a situação do piso enfermagem", disse ele.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), que é médica, também esteve na manifestação e destacou a necessidade dos atos para que o piso salarial seja aplicado.

"O piso da enfermagem foi uma conquista extremamente importante, histórica, é uma luta de décadas. O posicionamento do ministro Barroso é um posicionamento baseado, principalmente, no setor privado, que aponta para ele o fechamento de serviços, demissões. Nós fomos ao ministro Barroso na terça-feira e demos todas as informações para ele de que, para o setor público, onde é necessário ter a despesa e a fonte, principalmente órgão federados, a emenda constitucional aprovada dá tempo pra essa adequação. Os estados e municípios não precisam aplicar imediatamente. Dá tempo para adequação orçamentária para aplicar a partir do ano que vem. Então não é uma obrigação imediata. E o setor privado pinta pra ele um quadro que não é o real, não é o verdadeiro. Em relação aos atos, é importante que se realizem como pressão para flexibilizar a posição do próprio ministro Barroso como também ganhar a posição do conjunto dos do STF para que o piso seja imediatamente aplicado", explicou.

Além disso, outras personalidades políticas como a deputada estadual enfermeira Rejane (PCdoB), também participou do ato em defesa da classe.
"São mais de 2 milhões de profissionais de enfermagem em todo o Brasil. No Rio de Janeiro, mais de trezentos mil. É uma categoria que teve protagonismo na pandemia, salvou milhares de vidas. Tem que ser respeitada em todas as instâncias! Não vamos sair das ruas até que os patrões paguem o piso salarial estabelecido em Lei. A enfermagem não vai recuar", disse Rejane.

Nesta sexta-feira (9), haverá duas carreatas. A primeira iniciando às 9h, com partida em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso. Um pouco mais tarde, às 15h, no mesmo local, acontece o segundo ato, organizado pelo Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro e pelo Sindicato dos Técnicos de Enfermagem do Rio de Janeiro, que ira em direção ao Inca, ao Hospital Souza Aguiar e ao Into.

Os profissionais da saúde lutam pela revogação da decisão do ministro Roberto Barroso, que é relator do caso, que adiou por 60 dias a efetividade do piso no último domingo (4). A lei já havia sido sancionada no início de agosto, mas foi suspensa. Também nesta sexta, a decisão será reavaliada.

Com a decisão, ficaram suspensos os pagamentos dos enfermeiros respeitando o novo piso da categoria, que passaria a ser de R$ R$ 4.750.